Pâncreas artificial com hormônio único apresentou melhor controle glicêmico do que terapia convencional com bomba de insulina em diabéticos tipo 1, em artigo do The Lancet Diabetes & Endocrinology
O pâncreas1 artificial é uma tecnologia emergente para o tratamento do diabetes2 tipo 1 e duas configurações têm sido propostas: pâncreas1 com hormônio3 único (somente insulina4) e o pâncreas1 duo-hormonal (insulina4 e glucagon5). O objetivo do trabalho publicado pelo The Lancet Diabetes2 & Endocrinology foi delinear a utilidade do glucagon5 no sistema de pâncreas1 artificial.
Foi realizado um ensaio clínico randomizado6 e cruzado com uso de pâncreas1 artificial com hormônio3 único, pâncreas1 artificial com dois hormônios e terapia convencional7 com bomba de insulina8 (infusão contínua de insulina4 subcutânea9) em participantes diabéticos tipo 1, com idade igual ou superior a 12 anos. Os participantes foram distribuídos na proporção de 1: 1: 1: 1: 1: 1 com randomização bloqueada para as três intervenções e compareceram a um centro de pesquisa em três visitas de 24 horas de estudo.
Durante as visitas, quando o paciente utilizava o pâncreas1 artificial de hormônio3 único a insulina4 foi entregue com base em leituras de sensores de glicose10 e um algoritmo de dosagem preditiva. Durante o uso do pâncreas1 artificial com dois hormônios, o glucagon5 também foi entregue durante a queda de glicose10 ou quando ela estava baixa. Durante as visitas de pacientes em uso de terapia com bomba de insulina8 convencional, os pacientes receberam infusão contínua de insulina4 subcutânea9. O estudo não foi mascarado. O desfecho primário foi o tempo durante o qual as concentrações de glicose10 no plasma11 estavam no intervalo alvo (4,0 a 10,0 mmol/L12 para a glicemia pós-prandial13 em duas horas e 4,0 a 8,0 mmol/L12 para as outras situações). Episódios de hipoglicemia14 foram definidos como a concentração de glicose10 no plasma11 de menos do que 3,3 mmol/L12 com sintomas15 ou inferior a 3,0 mmol/L12, independentemente dos sintomas15. A análise foi por intenção de tratar modificada, na qual foram incluídos dados de todos os pacientes que completaram pelo menos duas visitas. Um valor p inferior a 0,0167 (0,05/3) foi considerado significativo.
A proporção média de tempo gasto no intervalo alvo da glicemia16 plasmática ao longo de 24 horas foi de 62% [desvio padrão (DP) 18] com o pâncreas1 artificial de hormônio3 único, 63% (18) com o pâncreas1 artificial com dois hormônios e 51% (19) com a terapia convencional7 com bomba de insulina8. A diferença média de tempo gasto no intervalo alvo entre o pâncreas1 artificial com hormônio3 único e terapia com bomba de insulina8 convencional foi de 11% (17; p=0,002) e entre pâncreas1 artificial duo-hormonal e terapia com bomba de insulina8 convencional foi de 12% (21; p=0,00011). Não houve diferença (15; p=0,75) na proporção de tempo gasto no intervalo alvo entre os sistemas de pâncreas1 artificiais duo-hormonal e de hormônio3 único.
Houve 52 episódios de hipoglicemia14 com a terapia convencional7 com bomba de insulina8 (12 dos quais eram sintomáticos), 13 com o pâncreas1 artificial com hormônio3 único (dos quais cinco eram sintomáticos) e 9 com o pâncreas1 artificial com dois hormônios (sem eventos sintomáticos). O número de episódios de hipoglicemia14 noturna foi de 13 (nenhum sintomático17), zero e zero, respectivamente.
Os sistemas de pâncreas1 artificiais com hormônio3 único e com dois hormônios proporcionaram melhor controle glicêmico do que a terapia convencional7 com bomba de insulina8. O pâncreas1 artificial com hormônio3 único pode ser suficiente para o controle glicêmico com noites livres de hipoglicemia14.
Fonte: The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, publicação online, de 27 de novembro de 2014