Variantes genéticas raras associadas à morte cardíaca súbita em adultos, publicado pelo Journal of the American College of Cardiology
De acordo com o Dr. Amit Khera, cardiologista1 do Massachusetts General Hospital, a morte súbita cardíaca é sempre um evento devastador, pois muitos pacientes não apresentam sintomas2 anteriores. A morte cardíaca súbita ocorre em aproximadamente 220.000 adultos americanos anualmente, a maioria dos quais não tem sintomas2 prévios ou diagnóstico3 cardiovascular. A pergunta que devemos fazer é: podemos encontrar essas pessoas antes que algo realmente ruim aconteça?
Muitos cientistas, incluindo Khera, acreditam que os eventos fatais relacionados a uma falha cardiovascular abrupta podem estar na genética. Variantes raras de DNA patogênico4 em qualquer um de 49 genes pode predispor a 4 causas importantes de morte cardíaca súbita: cardiomiopatia, doença arterial coronariana, síndrome5 da arritmia6 hereditária e aortopatia ou dissecção aórtica.
O presente estudo avaliou a prevalência7 de variantes patogênicas raras em casos de morte súbita cardíaca versus controles e a prevalência7 e importância clínica de tais mutações em uma população adulta assintomática. Os resultados da pesquisa foram divulgados no Journal of the American College of Cardiology.
Os autores sequenciaram exônomos inteiros em uma coorte8 caso-controle de 600 casos de morte súbita em adultos e 600 controles pareados de 106.098 participantes de 6 estudos de coorte9 prospectivos. As variantes da sequência de DNA observadas em qualquer um dos 49 genes com associação conhecida à doença cardiovascular foram classificadas como patogênicas ou provavelmente patogênicas por um geneticista de laboratório clínico, cego ao status de caso. Em uma população independente de 4.525 participantes adultos assintomáticos, de um estudo de coorte10 prospectivo11, os autores realizaram sequenciamento de genoma total e determinaram a prevalência7 de variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas e associação prospectiva com morte cardiovascular.
Há muitas mutações nos 49 genes examinados neste estudo que podem aumentar o risco de morte cardíaca súbita. Entre os 1.200 casos de morte súbita cardíaca e controles, os autores identificaram 5.178 variantes genéticas e classificaram 14 como patogênicas ou provavelmente patogênicas. Essas 14 variantes estavam presentes em 15 indivíduos, todos eles com morte cardíaca súbita, correspondendo a uma prevalência7 de 2,5% de variante patogênica12 nos casos e 0% nos controles (p < 0,0001). Entre os 4.525 participantes do estudo de coorte10 prospectivo11, 41 (0,9%) apresentavam uma variante patogênica12 ou provavelmente patogênica12 e esses indivíduos apresentaram risco 3,24 vezes maior de morte cardiovascular em um seguimento mediano de 14,3 anos (p = 0,02).
O sequenciamento gênico identifica uma variante patogênica12 ou provavelmente patogênica12 em um pequeno, mas potencialmente importante subconjunto de adultos com morte cardíaca súbita; essas variantes estão presentes em aproximadamente 1% dos adultos assintomáticos.
É importante lembrar que nem toda morte cardíaca súbita atinge indivíduos saudáveis sem história prévia de doença cardíaca. Fatores importantes de estilo de vida desempenham grande papel, como, por exemplo, o tabagismo e a hipertensão arterial13. Mas muitas vezes, familiares e amigos daqueles que morrem de morte súbita cardíaca não encontram uma explicação razoável para este evento trágico. Além disso, os membros de uma mesma família também podem ter a variante gênica e, se souberem disso, podem adotar medidas preventivas.
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Fonte: Journal of the American College of Cardiology, vol. 74, nº 21, publicação em 18 de novembro de 2019.