McGill University faz primeiro transplante de células de ilhotas pancreáticas para tratar o diabetes tipo 1
O McGill University Health Centre (MUHC) realizou o primeiro transplante de ilhotas pancreáticas1 em Quebec, Canadá. A descoberta foi feita no MUHC após um complexo processo de isolamento de células2 das ilhotas3 do pâncreas4 de um doador, realizado no laboratório MUHC Human Islet Transplant Laboratory. O procedimento, que não precisa de cirurgia e reduz o tempo de hospitalização em dez vezes, é um avanço significativo no tratamento do diabetes5 do tipo 1 (DM1) e marca o primeiro passo no desenvolvimento de uma rede regional de uso desta nova terapia.
O diabetes5 tipo 1 (DM1), por vezes referido como diabetes5 autoimune6 ou juvenil, resulta da incapacidade do pâncreas4 de produzir insulina7 de maneira suficiente, causando interrupção da regulação do açúcar8 no organismo. A doença não pode ser evitada e exige um controle glicêmico ao longo da vida com injeções diárias de insulina7, a fim de evitar as graves complicações da doença, tais como cegueira, acidente vascular cerebral9, insuficiência renal10 e doenças cardiovasculares11.
Para alguns pacientes, o transplante de pâncreas4 pode ser uma opção de tratamento, mas existem riscos significativos e a cirurgia muitas vezes envolve atendimento especializado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva12) e internação hospitalar longa. Já a infusão de ilhotas3, agrupamentos de células2 pancreáticas que produzem insulina7, é uma técnica não-cirúrgica que está começando a ser explorada em alguns centros médicos universitários, como uma alternativa ao transplante do órgão inteiro. Como este novo procedimento é minimamente invasivo, ele representa uma melhoria incrível para os pacientes, bem como para o sistema de saúde13, através da redução das taxas de risco e de infecção14, redução do tempo de recuperação e de internação.
Para a paciente Zohra Nabbus, portadora de diabetes tipo 115 durante 35 anos e já com um transplante renal16 devido a complicações do diabetes17, um transplante de pâncreas4 mal sucedido e sofrendo episódios frequentes de hipoglicemia18, o transplante de células2 de ilhota pancreática mudou rapidamente a sua vida. O processo começou em maio no Human Islet Transplant Laboratory onde as células2 das ilhotas3 foram separadas a partir do pâncreas4 de um doador - um processo delicado, que exigiu anos de investimento em tecnologia e perícia médica. Dois dias mais tarde, as ilhotas3 isoladas foram infundidas no fígado19 da paciente através de um pequeno cateter, no abdômen, sem a necessidade de cirurgia. Todo o procedimento foi realizado na sala de radiologia do Glen no MUHC. Uma vez que as células2 foram transfundidas no fígado19, a paciente começou a ser monitorada. Em poucos dias, ela começou a produzir insulina7 por conta própria e após várias semanas estava completamente livre das injeções diárias de insulina7, mostrando o sucesso do novo procedimento.
O MUHC vem desenvolvendo os conhecimentos necessários para realizar esse procedimento ao longo da última década e é o único centro no leste do Canadá, e um de apenas uma dúzia na América do Norte, capaz de isolar e transplantar células das ilhotas pancreáticas20 em seres humanos. Os cientistas pretendem criar uma rede, em que as células2 das ilhotas3 sejam processadas nesta instituição para infusão em outras unidades de saúde13 de Quebec. Esta equipe do MUHC é coordenada pelo Dr. Steven Paraskevas.
Este transplante é considerado um novo tratamento no Canadá e foi avaliado para ser expandido pela MUHC’s Technology Assessment Unit, assim como pela Food and Drug Administration (FDA), nos EUA. O processo já é reconhecido como uma terapia para o diabetes5 no Reino Unido e na Europa.