Paridade e aleitamento materno associados a menor risco de menopausa natural precoce
A gravidez1 e a amamentação2 impedem a ovulação3 e podem retardar a depleção4 da reserva de folículos ovarianos. Esses fatores podem diminuir o risco de menopausa5 precoce, uma condição associada ao aumento do risco de doença cardiovascular e outros resultados adversos à saúde6.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Network Open, foi examinar a associação entre paridade e amamentação2 e o risco de menopausa5 precoce.
Saiba mais sobre "Gestação semana a semana", "Amamentação2" e "Menopausa5".
Este estudo de coorte7 de base populacional da coorte8 Nurses’ Health Study II (1989-2015) incluiu participantes na pré-menopausa5 com idade entre 25 e 42 anos na linha de base. As taxas de resposta foram de 85% a 90% para cada ciclo, e o acompanhamento continuou até a menopausa5, 45 anos, histerectomia9, ooforectomia10, morte, diagnóstico11 de câncer12, perda de seguimento ou final de seguimento em maio de 2015. Hipóteses foram formuladas após a coleta de dados. A análise dos dados ocorreu de fevereiro a julho de 2019.
A paridade (isto é, número de gestações com duração ≥6 meses) foi mensurada no início e a cada 2 anos. A história e a duração do aleitamento materno13 total e exclusivo foram avaliadas três vezes durante o seguimento. O status da menopausa5 e a idade foram avaliados a cada 2 anos.
O principal resultado analisado foi o risco de menopausa5 natural antes dos 45 anos.
Na linha de base, 108.887 mulheres na pré-menopausa5 com idade entre 25 e 42 anos (idade média [DP] de 34,1 [4,6] anos; 102.246 [93,9%] brancas não-hispânicas) foram incluídas no estudo.
Nos modelos multivariáveis, maior paridade foi associada a menor risco de menopausa5 precoce. As taxas de risco foram atenuadas com o ajuste para a amamentação2, mas permaneceram significativas.
Em comparação com as mulheres nulíparas14, as que relataram 1, 2, 3 e 4 ou mais gestações com duração de pelo menos 6 meses apresentaram taxas de risco para menopausa5 precoce de 0,92 (IC 95%, 0,79-1,06), 0,84 (IC 95%, 0,73-0,96), 0,78 (IC 95%, 0,67-0,92) e 0,81 (IC 95%, 0,66-1,01), respectivamente (P para tendência = 0,006).
Nos modelos multivariáveis também ajustados pela paridade, as taxas de risco para a duração do aleitamento materno13 exclusivo de 1 a 6, 7 a 12, 13 a 18 e 19 meses ou mais foram de 0,95 (IC 95%, 0,85-1,07), 0,72 (IC 95% 0,62-0,83), 0,80 (IC 95%, 0,66-0,97) e 0,89 (IC 95%, 0,69-1,16), respectivamente, em comparação com menos de 1 mês de aleitamento materno13 exclusivo (P para tendência = 0,001).
Apesar do significativo teste para tendência, as estimativas não foram observadas como menores à medida que a duração do aleitamento materno13 exclusivo aumentou. Em uma análise estratificada de mulheres multíparas15, o risco de menopausa5 precoce foi menor entre as que relataram amamentação exclusiva16 por 7 a 12 meses em cada nível de paridade (mulheres com 2 gestações e 7 a 12 meses de amamentação2: HR, 0,79; IC 95%, 0,66-0,96; ≥3 gestações e 7 a 12 meses de aleitamento materno13: HR, 0,68; IC 95%, 0,52-0,88; 2 gestações e ≥13 meses de aleitamento materno13: HR, 0,87; IC 95%, 0,66-1,15; ≥3 gestações e 13-18 meses de aleitamento materno13: HR, 0,86; IC 95%, 0,66-1,13; e ≥ 3 gestações e ≥ 19 meses de aleitamento materno13: HR, 0,98; IC 95%, 0,72-1,32).
Neste estudo, foi observada uma associação inversa de paridade com risco de menopausa5 precoce. A amamentação2 foi associada a um risco significativamente menor, mesmo após a contabilização da paridade. A amamentação2 em níveis consistentes com as recomendações atuais pode conferir um benefício adicional de menor risco de menopausa5 precoce.
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Fonte: JAMA Network Open, publicação em 22 de janeiro de 2020.