Transtornos compulsivos associados ao uso de agonistas dopaminérgicos no tratamento da doença de Parkinson
Transtornos compulsivos graves envolvendo o jogo patológico, hipersexualidade e compras compulsivas têm sido relatados em associação com o uso de agonistas dopaminérgicos em séries de casos e estudos retrospectivos de pacientes. Estes agentes são utilizados para tratar a doença de Parkinson1, síndrome2 das pernas inquietas e hiperprolactinemia.
Para analisar relatórios recebidos pela Food and Drug Administration (FDA) sobre eventos adversos graves causados por este tipo de medicação, em relação aos transtornos compulsivos, e sua relação com os seis agonistas dopaminérgicos aprovados pela agência, foi realizada uma análise retrospectiva com dados extraídos do FDA Adverse Event Reporting System, de 2003 a 2012.
Foram identificados 1.580 eventos indicando transtornos compulsivos nos Estados Unidos e em outros 21 países: 710 para agonistas dopaminérgicos e 870 para outros medicamentos. Os agonistas dopaminérgicos tinham forte associação com esses transtornos de controle dos impulsos. A associação foi mais forte para os agonistas dopaminérgicos pramipexole e ropinirole, com afinidade preferencial para o receptor D3 de dopamina3. Uma associação também foi observada para o aripiprazol, um antipsicótico classificado como agonista4 parcial do receptor D3 de dopamina3.
Os resultados confirmam e ampliam as evidências de que os agonistas dopaminérgicos estão associados com transtornos específicos de controle do impulso. Esses dados e os dados de estudos anteriores mostram a necessidade de advertências específicas nas bulas desses medicamentos.
Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online de 20 de outubro de 2014