FDA aprova medicamento para forma persistentemente mortal de câncer de pulmão
A Food and Drug Administration dos Estados Unidos aprovou um novo tratamento inovador para pacientes1 com uma forma de câncer2 de pulmão3. A terapia deve ser utilizada apenas por pacientes que esgotaram todas as outras opções de tratamento do câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 e têm expectativa de vida5 de quatro a cinco meses.
O medicamento tarlatamab, ou Imdelltra, fabricado pela empresa Amgen, triplicou a expectativa de vida5 dos pacientes, dando-lhes uma sobrevivência6 média de 14 meses após terem tomado o medicamento. Quarenta por cento daqueles que receberam o medicamento responderam a ele.
Depois de décadas sem avanços reais nos tratamentos para o câncer2 de pulmão3 de pequenas células4, o tarlatamab oferece a primeira esperança real, disse o Dr. Anish Thomas, especialista em câncer2 de pulmão3 do Instituto Nacional do Câncer2 federal dos EUA que não esteve envolvido no estudo. “Sinto que é uma luz depois de muito tempo”, acrescentou.
O Dr. Timothy Burns, especialista em câncer2 de pulmão3 da Universidade de Pittsburgh, disse que o medicamento “mudará a prática clínica”. (O Dr. Burns não foi um investigador do estudo, mas atuou em um comitê consultivo da Amgen para um medicamento diferente.)
O medicamento, porém, tem um efeito colateral7 que pode ser grave – a síndrome8 de liberação de citocinas9. É uma reação exagerada do sistema imunológico10 que pode resultar em sintomas11 como erupção12 na pele13, taquicardia14 e pressão arterial15 baixa.
Todos os anos, cerca de 35.000 pessoas nos EUA são diagnosticadas com câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 e enfrentam um prognóstico16 sombrio. O câncer2 geralmente já se espalhou para além do pulmão3 no momento em que é detectado.
O tratamento padrão é a quimioterapia17 tradicional – inalterada há décadas – combinada com imunoterapias que acrescentam cerca de dois meses à expectativa de vida5 dos pacientes. Mas, quase inevitavelmente, o câncer2 resiste ao tratamento.
“Noventa e cinco por cento das vezes ele volta, muitas vezes em questão de meses”, disse o Dr. Burns. E quando volta, acrescentou, os pacientes têm mais dificuldade em tolerar a quimioterapia17, e a quimioterapia17 é ainda menos eficaz.
A maioria dos pacientes vive apenas oito a 13 meses após o diagnóstico18, apesar de fazer quimioterapia17 e imunoterapia. O grupo de pacientes do ensaio clínico já havia feito duas ou até três rodadas de quimioterapia17, por isso a expectativa de vida5 sem o medicamento era tão curta.
O prognóstico16 sombrio do câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 contrasta fortemente com a situação do outro tipo mais comum de câncer2 de pulmão3, de células4 não pequenas, que tem sido um triunfo da revolução nos tratamentos do câncer2. Novas terapias direcionadas procuram moléculas que esses cânceres precisam para crescer, contendo a sua propagação. Como resultado, disse Thomas, muitos pacientes com esse tipo de câncer2 de pulmão3 vivem tanto que sua doença se torna “quase como uma doença crônica”.
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Houve vários motivos pelos quais os pacientes com câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 foram deixados para trás. Um deles é o tipo de mutação genética19 da qual o câncer2 depende para crescer.
Jay Bradner, diretor científico da Amgen, explicou que outros tipos de câncer2 são causados por genes aberrantes que são ativados. O tratamento envolve medicamentos para desativar esses genes. Mas o câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 é impulsionado por genes que estão desligados, o que torna difícil atingi-los, explicou o Dr. Bradner. Outra razão é a capacidade do câncer2 de bloquear as células4 do sistema imunológico10 que tentam destruí-lo.
Tarlatamab é um anticorpo20 desenvolvido para superar esses obstáculos. Ele tem dois braços, o primeiro dos quais se prende à molécula promotora do crescimento que se ergue como uma bandeira na superfície das células4 cancerígenas. Ela serve como uma etiqueta de identificação para o medicamento, permitindo que o tarlatamab encontre as células4 cancerígenas. O outro braço agarra uma célula21 T flutuando na corrente sanguínea. A célula21 T, um glóbulo branco, pode matar cânceres se chegar perto deles.
O medicamento une as células4 T e as células4 cancerígenas, abrindo buracos no câncer2 ou ativando genes que o fazem se autodestruir.
Os pacientes do ensaio clínico dizem que recuperaram suas vidas.
Martha Warren, 65 anos, descobriu no ano passado que tinha câncer2 de pulmão3 de pequenas células4. Ela se juntou a grupos do Facebook e viu imediatamente a má notícia: a maioria dos pacientes não vive muito. Sua melhor esperança, ela decidiu, era um ensaio clínico. Após quimioterapia17 e imunoterapia, com o câncer2 crescendo rapidamente, ela foi aceita no estudo da Amgen e começou a frequentar a Universidade Yale para infusões do medicamento.
Quase imediatamente, o câncer2 dela começou a diminuir – dramaticamente. “Sinto-me tão normal quanto antes de ter câncer”, disse Warren. “Há muita esperança com este medicamento”, acrescentou ela.
O estudo da Amgen e a aprovação, porém, envolveram pacientes como Warren, que já haviam passado por algumas rodadas de tratamento. O tarlatamab poderia ajudar mais cedo? A Amgen está iniciando esse estudo agora, testando o medicamento logo após a quimioterapia17 inicial.
No comunicado anunciando a aprovação do medicamento, a FDA relatou os dados de eficácia e segurança do tarlatamab. A eficácia foi avaliada em 99 pacientes com câncer2 de pulmão3 de pequenas células4 em estágio extensivo (CPPC-EE) recidivante22/refratário com progressão da doença após quimioterapia17 à base de platina inscritos no DeLLphi-301, um estudo aberto, multicêntrico e multicoorte.
Foram excluídos pacientes com metástases23 cerebrais sintomáticas, doença pulmonar intersticial24 ou pneumonite25 não infecciosa e imunodeficiência26 ativa. Os pacientes receberam tarlatamab até progressão da doença ou toxicidade27 inaceitável.
As principais medidas de resultados de eficácia foram a taxa de resposta global (ORR) de acordo com RECIST 1.1 e a duração da resposta (DOR), avaliada por uma revisão central independente e cega.
A ORR foi de 40% (IC 95%: 31, 51) e a DOR mediana foi de 9,7 meses (intervalo 2,7, 20,7+). Dos 69 pacientes com dados disponíveis sobre o status de sensibilidade à platina, a ORR foi de 52% (IC 95% 32, 71) em 27 pacientes com CPPC resistente à platina (definido como progressão <90 dias após a última dose da terapia com platina) e 31% (IC 95% 18, 47) em 42 pacientes com CPPC sensível à platina (definido como progressão ≥90 dias após a última dose da terapia com platina).
As informações de prescrição de tarlatamab-dlle incluem um aviso em caixa para síndrome8 de liberação de citocinas9 grave ou com risco de vida e toxicidade27 neurológica, incluindo síndrome8 de neurotoxicidade associada a células4 efetoras imunológicas. As reações adversas mais comuns (>20%) foram síndrome8 de liberação de citocinas9, fadiga28, pirexia29, disgeusia30, diminuição do apetite, dor musculoesquelética, constipação31, anemia32 e náusea33. As anomalias laboratoriais de Grau 3 ou 4 mais comuns (≥5%) foram diminuição de linfócitos, diminuição de sódio, aumento de ácido úrico, diminuição de neutrófilos34 totais, diminuição de hemoglobina35, aumento do tempo de tromboplastina36 parcial ativada e diminuição de potássio.
A dose recomendada de tarlatamab é uma dose inicial de 1 mg administrada por perfusão intravenosa durante 1 hora no Ciclo 1, Dia 1, seguida de 10 mg no Ciclo 1, Dia 8 e Dia 15 e depois a cada 2 semanas até progressão da doença ou toxicidade27 inaceitável.
Leia sobre "Sistema imunológico10" e "Prevenção do câncer2".
Fontes:
Food and Drug Administration, comunicado publicado em 16 de maio de 2024.
The New York Times, notícia publicada em 16 de maio de 2024.