Betabloqueadores associados a riscos cardiovasculares para hipertensos submetidos à cirurgia não-cardíaca
O estudo de associação foi feito com base em registros hospitalares e uso de farmacoterapia fora de hospital, em uma coorte1 nacional dinamarquesa de pacientes com hipertensão2 não complicada tratados com pelo menos dois medicamentos anti-hipertensivos (betabloqueadores, tiazidas, antagonistas do cálcio ou inibidores do sistema renina-angiotensina) e submetidos à cirurgia não-cardíaca entre 2005 e 2011. Os principais resultados avaliados foram o risco de ocorrência em trinta dias após a cirurgia de ECM (morte cardiovascular, acidente vascular cerebral3 isquêmico4 não fatal, infarto do miocárdio5 não fatal) e morte por todas as causas.
As características no início do estudo de 14.644 pacientes que receberam β-bloqueadores (65% do sexo feminino, média de idade de 66,1 anos) foram semelhantes as dos 40.676 pacientes que receberam outros medicamentos anti-hipertensivos (57% do sexo feminino, média de idade de 65,9 anos). ECM em trinta dias ocorreu em 1,3% dos doentes tratados com betabloqueadores, comparado com 0,8% de pacientes não tratados com betabloqueadores (P<0,001).
O uso de β-bloqueadores foi associado ao aumento do risco de ECM em combinações de duas medicações com inibidores do sistema renina-angiotensina, antagonistas do cálcio e tiazidas, em comparação com a combinação de referência de inibidores do sistema renina-angiotensina e tiazidas. Os resultados foram similares para todas as causas de mortalidade6. O risco de ECM associados ao uso de β-bloqueadores parece especialmente pronunciado para pacientes7 com pelo menos 70 anos de idade, para homens e para pacientes7 submetidos à cirurgia não eletiva8, em comparação com pacientes com menos de 70 anos, mulheres e pacientes submetidos à cirurgia eletiva8, respectivamente.
Concluiu-se que o tratamento anti-hipertensivo com um β-bloqueador pode estar associado ao aumento do risco de ECM perioperatórios e todas as causas de mortalidade6 em pacientes com hipertensão2 não complicada.
Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online, de 5 de outubro de 2015