Controle glicêmico na diabetes tipo 1 e risco de eventos cardiovasculares ou morte depois de revascularização do miocárdio
Pacientes com diabetes mellitus1 tipo 1 (DM1) possuem um alto risco de eventos cardiovasculares. O objetivo deste estudo, divulgado pelo periódico The Journal of the American College of Cardiology (JACC), foi investigar se os níveis pré-operatórios de hemoglobina2 A1c3 (HbA1c4) poderiam prever eventos cardiovasculares ou morte após cirurgia de revascularização do miocárdio5 por bypass (CRVM).
Trata-se de um estudo observacional, de coorte6 sueca, de base populacional, que incluiu todos os pacientes com DM1 que foram submetidos a CRVM fora da emergência7 primária, na Suécia, entre 1997 e 2012, de acordo com os registros Swedish National Diabetes8 Register e com o SWEDEHEART (Swedish Web-system for Enhancement and Development of Evidence-based care in Heart disease Evaluated According to Recommended Therapies). Foram calculadas as taxas brutas de incidência9, os intervalos de confiança (IC) de 95% e as taxas de risco multivariadas e de regressão de Cox para estimar o risco de mortalidade10 por todas as causas e por eventos adversos cardiovasculares (MACE), definidos como infarto do miocárdio11, acidente vascular cerebral12, insuficiência cardíaca13 ou repetição da revascularização, em relação aos níveis de HbA1c4.
No total foram incluídos 764 pacientes com DM1. Durante um período de acompanhamento médio de 4,7 anos 334 (44%) pacientes morreram ou tiveram MACE (taxa de incidência9: 82 eventos/1.000 pessoas-ano). Após ajuste multivariável, o hazard ratio ou HR (IC 95%) por morte ou MACE em pacientes com níveis de HbA1c4 de 7,1% a 8,0%, de 8,1% a 9,0%, 9,1% a 10,0% e maior que 10,0% foram 1,34 (0,82-2,21), 1,59 (1,00-2,54), 1,73 (1,03-2,90) e 2,25 (1,29-3,94), respectivamente, em comparação com a categoria de referência. Quando a HbA1c4 foi usada como uma variável contínua, o HR para um aumento de 1% no nível de HbA1c4 foi de 1,18 e o IC 95% foi 1,06-1,32.
Concluiu-se que em pacientes com DM1, o mau controle glicêmico antes da CRVM foi associado ao maior risco de longo prazo de morte ou MACE.