Dieta livre de glúten leva à resolução de sintomas musculoesqueléticos em crianças com patologias reumatológicas e doença celíaca silenciosa
Doença celíaca (DC) silenciosa ou doença celíaca sem sintomas1 gastrointestinais esteve presente em 2,0% das crianças que se apresentaram para uma avaliação inicial em clínicas de reumatologia pediátrica, segundo pesquisadores do Hospital for Special Surgery, na cidade de Nova Iorque. O relatório foi divulgado em um artigo de publicação online do periódico Pediatrics. Os autores recomendam a inclusão do rastreio da doença celíaca na avaliação laboratorial inicial de pacientes reumatológicos pediátricos, já que foi observado que uma dieta livre de glúten2 pode levar à resolução de sintomas1 musculoesqueléticos em muitos desses pacientes.
Yekaterina Sherman e uma equipe de pesquisadores, liderada por Thomas JA Lehman, retrospectivamente revisaram prontuários médicos e dados de triagem sorológica padronizados para 2.125 pacientes, com idades entre 2 e 16 anos, que se apresentaram para atendimento na Divisão de Reumatologia Pediátrica, no Hospital for Special Surgery, entre junho de 2006 e dezembro de 2013. Os pesquisadores descobriram que 36 pacientes tinham doença celíaca livre de sintomas1 gastrointestinais. Juntamente com os 8 pacientes que se sabia terem DC, no início do estudo, a prevalência3 de DC durante o período de estudo de 6,5 anos foi de 2,0% ou cerca de 1 em 48 pacientes. A prevalência3 na população geral foi de 0,7%.
Trinta dos 36 pacientes com DC silenciosa foram confirmados por endoscopia4. Seis recusaram-se a fazer endoscopia4, mas apresentaram redução significativa dos sintomas1 com uma dieta livre de glúten2.
A maioria dos casos recém-diagnosticados de DC (61,1%) apresentava apenas queixas musculoesqueléticas e nenhum dos sintomas1 clássicos de DC, tais como dor abdominal, diarreia5, baixa estatura, perda de peso e dificuldades no crescimento. Apenas 12 pacientes relataram história de sintomas1 gastrointestinais.
Os pesquisadores sugerem que as diretrizes clínicas atuais para a triagem de DC publicadas pelo Colégio Americano de Gastroenterologia e pela Sociedade Norte-Americana de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição6 sejam revisadas para incluir crianças com queixas musculoesqueléticas. Até o momento, essas diretrizes recomendam a triagem de DC em crianças com déficit de crescimento, diarreia5 persistente, dor abdominal recorrente, constipação7, vômitos8, dermatite9 herpetiforme, hipoplasia10 do esmalte dentário11, osteoporose12, baixa estatura, puberdade atrasada, anemia13 por deficiência de ferro, diabetes mellitus14 assintomática, tireoidite autoimune15, síndrome de Down16, síndrome17 de Turner, síndrome17 de Williams, deficiência seletiva de imunoglobulina18 A e história de um parente de primeiro grau com DC.
Os autores observam que a detecção precoce da DC não só capacita o paciente a alcançar os benefícios do início precoce de uma dieta livre de glúten2, como também evita os perigos de uma terapia imunossupressora desnecessária.
Fonte: Pediatrics, publicação online, de 15 de junho de 2015