Mongersen, medicamento oral para a Doença de Crohn, teve os resultados preliminares publicados pelo NEJM
A inflamação1 relacionada à doença de Crohn2 é caracterizada por uma atividade reduzida da citocina3 imunossupressora fator de crescimento transformante (TGF-β1), devido a níveis elevados de SMAD7, um inibidor de sinalização de TGF-β1. Estudos pré-clínicos e um estudo de fase 1 mostraram que o oligonucleotídeo antisense4 SMAD7 oral, o mongersen, tem como alvo o SMAD7 ileal e colônico.
Em um ensaio clínico de fase 2, duplo-cego, controlado por placebo5, foi avaliada a eficácia de mongersen para o tratamento de pessoas com doença de Crohn2 ativa. Os pacientes foram randomizados para receber 10, 40 ou 160 mg de mongersen ou placebo5, por dia, durante duas semanas. Os desfechos primários foram a remissão clínica no dia 15, definida pelo Índice de Atividade da doença de Crohn2 (Crohn’s Disease Activity Index ou CDAI) com pontuação inferior a 150, com manutenção da remissão por pelo menos duas semanas, e a segurança do tratamento com mongersen. Um resultado secundário foi a resposta clínica (definida como uma redução de 100 pontos ou mais na pontuação do CDAI) no dia 28.
As proporções de pacientes que atingiram o desfecho primário foi de 55% e 65% para os grupos mongersen 40 mg e 160 mg, respectivamente, em comparação com 10% para o grupo do placebo5 (p<0,001). Não houve diferença significativa na porcentagem de participantes que atingiram remissão clínica entre o grupo de 10 mg (12%) e o grupo do placebo5. A taxa de resposta clínica foi significativamente maior entre os pacientes que receberam 10 mg (37%), 40 mg (58%) ou 160 mg (72%) de mongersen do que entre aqueles que receberam placebo5 (17%) (p=0,04, p<0,001 e p<0,001, respectivamente). A maioria dos eventos adversos foi relacionada a complicações e sintomas6 da doença de Crohn2.
Observou-se que os participantes do estudo com doença de Crohn2 ativa que receberam mongersen apresentaram taxas significativamente maiores de remissão e resposta clínica do que aqueles que receberam placebo5.
Estudos de longo prazo para avaliar tanto a segurança, quanto a eficácia do mongersen precisam ser realizados, juntamente com pesquisas que comparem este novo medicamento às terapias já existentes.
Fonte: The New England Journal of Medicine (NEJM), volume 372, número 12, de 19 de março de 2015