Depressão pós-parto pode estar ligada a queda de estrogênio e aumento da MAO-A, de acordo com estudo publicado no periódico Archives of General Psychiatry
Publicado, no periódico Archives of General Psychiatry, estudo caso-controle que tenta explicar os mecanismos do “baby blues”, período de melancolia que aparece em cerca de 70% das mulheres nos primeiros dias após o parto. Os processos neurobiológicos do quadro ainda não estão claros.
O “baby blues” é um período marcado por instabilidade emocional, ansiedade, desânimo, irritabilidade e diminuição do apetite que ocorre em cerca de 70% das mulheres no pós-parto. Acredita-se que seja uma resposta a mudanças biológicas, psicológicas, sociais e familiares. Quando exacerbado, este quadro pode mostrar uma tendência a quadros depressivos maiores após os primeiros meses do nascimento do bebê, o que ocorre em 13% das mulheres.
A pesquisa mostrou que uma queda brusca dos níveis de estrogênio nos três a quatro dias após o nascimento do bebê (queda de 100 a 1000 vezes nos níveis deste hormônio1) libera uma enzima2 no cérebro3 conhecida como monoamina oxidase A (MAO4-A), a qual bloqueia substâncias químicas responsáveis pelo nosso bem-estar como os neurotransmissores serotonina, dopamina5 e noradrenalina6. Este declínio do estrogênio, seguido do aumento da MAO4-A, está ligado ao humor depressivo e, subsequentemente, a um período de alto risco de episódios depressivos maiores na fase do pós-parto.
Em todas as regiões cerebrais analisadas, os níveis de MAO4-A estavam significativamente elevados (média de 43%) no período pós-parto. Os níveis mais altos foram registrados no quinto dia após o parto, coincidindo com o dia em que o humor das mães está mais deprimido.
Estes resultados podem ter importantes implicações futuras para prevenir a depressão pós-parto e para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas que compensem a elevação da MAO4-A nesta fase.
Fonte: Archives of General Psychiatry, volume 67, de maio de 2010.