Diabetes Care: retenção de peso pós-parto pode contribuir para o risco de diabetes mellitus e doença vascular futura
O efeito cumulativo da retenção de peso pós-parto, a cada gravidez1, na vida de uma mulher pode contribuir para o seu risco de diabetes mellitus2 e doença vascular3. No entanto, há pouca evidência direta para apoiar esta hipótese. Neste contexto, buscou-se avaliar as implicações de risco cardiometabólico de acordo com padrões de mudança de peso no pós-parto e com a evolução temporal dos mesmos, no primeiro ano após o término da gravidez1.
Trezentas e cinco mulheres foram submetidas à caracterização cardiometabólica no recrutamento na gravidez1 e em 3 e 12 meses após o parto. Com base nas suas respectivas alterações de peso no período pré-gestacional, nos três meses após o parto (perda ou ganho) e entre 3 e 12 meses após o parto (perda ou ganho), as participantes foram estratificadas em quatro grupos: perda/perda, ganho/perda, perda/ganho e ganho/ganho.
A maioria das mulheres (81,0%) apresentou maior peso aos três meses do pós-parto em comparação com o peso pré-gestacional. Entre 3 e 12 meses, a maioria das mulheres (74,4%) perdeu peso. Aos três meses, houve diferenças modestas entre os quatro grupos na média ajustada do LDL colesterol4 (P=0,01) e da apolipoproteína B (apoB, P=0,02), mas não houve diferenças significativas na pressão arterial5 ajustada, glicemia de jejum6 e de 2 horas pós-prandial, HDL7, triglicérides8, modelo de avaliação da homeostase de resistência à insulina9 (HOMA -IR), adiponectina e proteína C-reativa. Doze meses após o parto, no entanto, gradientes claros surgiram com a média ajustada de pressão arterial diastólica10 (P=0,02), HOMA-IR11 (P=0,0003), LDL12 (P=0,001) e apoB (P<0,0001), todos aumentando progressivamente do grupo de perda/perda, ganho/perda, perda/ganho ao de ganho/ganho. Da mesma forma, em 12 meses, a média ajustada de adiponectina mostrou uma diminuição gradual do grupo perda/perda, ganho/perda, perda/ganho para o grupo ganho/ganho (P=0,003).
Concluiu-se que um perfil cardiometabólico adverso surge em um ano de pós-parto em mulheres que não perdem peso entre três e doze meses após o parto.
Fonte: Diabetes13 Care, publicação online de 25 de março de 2014