NEJM: metabolismo microbiano intestinal de fosfatidilcolina e aumento do risco de eventos cardiovasculares
Estudos recentes em animais demonstraram uma ligação mecânica entre o metabolismo1 microbiano intestinal da porção de colina em fosfatidilcolina dietética (lecitina) e a doença arterial coronariana por meio da produção de um metabólito2 pró-aterosclerótico, a trimetilamina-N-óxido (TMAO). Neste estudo, publicado pelo New England Journal of Medicine, foi investigada a relação entre o metabolismo1 dependente da microbiota3 intestinal de fosfatidilcolina dietética, os níveis de TMAO e os eventos adversos cardiovasculares em seres humanos.
Foram quantificados os níveis plasmáticos e urinários de TMAO e os níveis plasmáticos de colina e betaína por meio de cromatografia líquida e espectrometria de massa após a ingestão do chamado “desafio fosfatidilcolina”, ou seja, após a ingestão de dois ovos cozidos e fosfatidilcolina marcada com deutério [D9] em indivíduos saudáveis, antes e após a supressão da microbiota3 intestinal com antibióticos orais de amplo espectro. Os cientistas ainda examinaram a relação entre os níveis plasmáticos de TMAO em jejum e os principais eventos cardiovasculares adversos incidentes4 (morte, infarto do miocárdio5 ou acidente vascular cerebral6) durante 3 anos de acompanhamento em 4007 pacientes submetidos a cineangiocoronariografia eletiva7.
Os resultados mostraram aumentos dependentes do tempo nos níveis de TMAO e D9, bem como de outros metabólitos8 de colina, após o “desafio fosfatidilcolina”. Os níveis plasmáticos de TMAO foram marcadamente reduzidos após a administração de antibióticos e depois reapareceram quando os antibióticos foram retirados. Níveis plasmáticos aumentados de TMAO foram associados a um aumento do risco de um evento cardiovascular adverso. Um nível elevado TMAO previu um aumento do risco de eventos cardiovasculares adversos após ajustes para os fatores de risco tradicionais (P <0,001), bem como em subgrupos de menor risco.
Concluiu-se que a produção de TMAO é dependente do metabolismo1 pela microbiota3 intestinal. E que níveis aumentados de TMAO estão associados com um risco aumentado de eventos cardiovasculares adversos
Fonte: NEJM, de 25 de abril de 2013