Artigo de revisão mostra que médicos precisam conhecer melhor os efeitos adversos das estatinas como dores musculares, perdas cognitivas e neuropatia periférica
Artigo de revisão publicado no American Journal of Cardiovascular Drugs analisou cerca de 900 estudos sobre os efeitos adversos dos inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas), uma classe de medicamentos reconhecidamente eficaz no tratamento da hipercolesterolemia1 e na redução do risco cardiovascular. Entre os eventos adversos mais frequentemente encontrados estão dores musculares, perdas cognitivas e neuropatia periférica2.
O estudo mostrou evidências claras de que o uso de altas doses de estatinas ou das estatinas mais potentes para a redução do colesterol3, assim como certas condições genéticas, estão ligadas a um maior risco de apresentar eventos adversos com o uso desta medicação. Entre os sintomas4 colaterais observados estão problemas musculares, perdas cognitivas, neuropatia periférica2, dor ou parestesias5 nos dedos, aumento da glicemia6, alterações em tendões7, rabdomiólise8 e disfunções hepáticas9, pancreáticas ou sexuais.
As estatinas parecem induzir danos à função das mitocôndrias10, responsáveis pela produção de energia. Elas agem sobre mecanismos associados à produção de colesterol3, que são os mesmos da produção da coenzima Q10 – importante na produção de energia dentro das mitocôndrias10 e na redução dos radicais livres. A perda desse composto faz aumentar o estresse oxidativo e o dano ao DNA, deixando o organismo mais vulnerável.
Os efeitos são dose-dependente. O risco é maior quanto mais avançada a idade do paciente. Isto explica porque os benefícios não superam os riscos do uso em pessoas entre 70 e 75 anos, mesmo aquelas com doença cardíaca, e também com interações entre medicamentos que potencializam as estatinas, frequentemente através da inibição do sistema citocromo P450 3A4. Hipertensão arterial11, síndrome metabólica12, alterações da tireóide e diabetes13 estão ligados a danos mitocondriais, então essas condições estão associadas a riscos altos de complicações com o uso de estatinas, de acordo com Beatrice Golomb e Marcella A. Evans, autoras da revisão.
Segundo Beatrice, o conhecimento médico a respeito dos efeitos adversos das estatinas é pequeno, mesmo sobre os mais frequentemente relatados pelos pacientes. A consciência e a vigilância devem ser ampliadas para permitir decisões corretas sobre tratamentos, modificação de tratamentos quando for apropriado, qualidade melhorada de cuidados com os pacientes e redução de morbidades.