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Citrato de clomifeno ou inseminação intra-uterina podem não ser mais eficazes do que a concepção natural para casais com infertilidade de causas desconhecidas, segundo artigo do BMJ

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Estudo publicado na revista britânica British Medical Journal (BMJ) relata que a inseminação intra-uterina e a administração de citrato de clomifeno, dois dos tratamentos mais comuns para estimular a gravidez1, não aumentam as chances de concepção2 dos casais cuja infertilidade3 se deve a causas desconhecidas.

 

Cientistas da Universidade de Aberdeen (Escócia) e da Universidade de Oxford (Inglaterra) analisaram, em um estudo randomizado4, 580 casais que sofriam de infertilidade3 há mais de dois anos, cujas mulheres apresentavam ovulação5  aparentemente normal e funcionamento das trompas normal, e homens com espermatozóides6 de mobilidade e concentração adequadas.

 

Participaram da pesquisa 580 mulheres, escolhidas aleatoriamente, divididas em três grupos: um com 193 mulheres que tentaram engravidar pelo método natural, outro com 194 mulheres que receberam tratamento com citrato de clomifeno e mais 193 mulheres submetidas à inseminação intra-uterina. Nesses grupos, as idades, a massa corporal, a duração da infertilidade3, a concentração e mobilidade do esperma7 foram semelhantes.

 

Ao final do estudo nasceram 101 crianças, 32 (17%) dos casais que utilizaram concepção2 natural, 26 (14%) com o uso de citrato de clomifeno e 43 (23%) das mulheres que foram submetidas à inseminação intra-uterina.

 

Os pesquisadores concluíram que estes tratamentos não oferecem maior efetividade do que a concepção2 natural nos casais com infertilidade3 por causas desconhecidas. Apesar de no grupo da inseminação intra-uterina ter havido um maior número de gestações, os cientistas não consideram esta diferença suficiente para justificar este tratamento. No grupo que usou o citrato de clomifeno, houve maior risco de gestações múltiplas e 10% a 20% das mulheres relataram efeitos colaterais8 como dor abdominal, inflamação9, dificuldade para respirar, náuseas10 ou dor de cabeça11.

 

Os especialistas pediram às autoridades sanitárias que redefinam os protocolos a serem seguidos nos casos de infertilidade3 por causas desconhecidas, pois até o momento o Instituto Nacional de Saúde12 e Excelência Clínica do Reino Unido recomenda esses dois tratamentos.

 

Fonte: British Medical Journal em 7 de agosto de 2008

NEWS.MED.BR, 2008. Citrato de clomifeno ou inseminação intra-uterina podem não ser mais eficazes do que a concepção natural para casais com infertilidade de causas desconhecidas, segundo artigo do BMJ. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/21575/citrato-de-clomifeno-ou-inseminacao-intra-uterina-podem-nao-ser-mais-eficazes-do-que-a-concepcao-natural-para-casais-com-infertilidade-de-causas-desconhecidas-segundo-artigo-do-bmj.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Concepção: O início da gravidez.
3 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
4 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 Ovulação: Ovocitação, oocitação ou ovulação nos seres humanos, bem como na maioria dos mamíferos, é o processo que libera o ovócito II em metáfase II do ovário. (Em outras espécies em vez desta célula é liberado o óvulo.) Nos dias anteriores à ovocitação, o folículo secundário cresce rapidamente, sob a influência do FSH e do LH. Ao mesmo tempo que há o desenvolvimento final do folículo, há um aumento abrupto de LH, fazendo com que o ovócito I no seu interior complete a meiose I, e o folículo passe ao estágio de pré-ovocitação. A meiose II também é iniciada, mas é interrompida em metáfase II aproximadamente 3 horas antes da ovocitação, caracterizando a formação do ovócito II. A elevada concentração de LH provoca a digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contrações na parede ovariana, que provocam a extrusão do ovócito II.
6 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
7 Esperma: Esperma ou sêmen. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O esperma é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
8 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
9 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
10 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
11 Cabeça:
12 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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