Esquizofrenia: mutações genéticas raras interrompem o desenvolvimento cerebral
Esquizofrênicos apresentam um grande número de raras mutações genéticas que interrompem o desenvolvimento cerebral, segundo estudo publicado esta semana na revista Science. Estas mutações afetam os genes que regulam o funcionamento do cérebro1, consistem na supressão ou na duplicação de cadeias de DNA e diferem segundo os doentes, sendo que as marcas genéticas da doença são diferentes entre si e únicas para cada doente.
Pesquisadores da Universidade de Washington e do Laboratório de Cold Spring Harbor, ambos nos EUA, mostraram que as alterações genéticas que causam a doença são mais complexas do que se imaginava. Eles compararam o genoma de 150 esquizofrênicos com o de 268 pessoas sadias e concluíram que a esquizofrenia2 pode ser causada por uma grande variedade de mutações genéticas. Os esquizofrênicos têm de três a quatro vezes mais anomalias genéticas raras do que pessoas sem o problema.
A hipótese é de que a maior parte das pessoas com esquizofrenia2 têm a doença por uma razão genética diferente, afirma Mary-Claire King, professora das Ciências do Genoma na Universidade do Estado de Washington, em Seatle, que colaborou neste estudo.
A esquizofrenia2 afeta um por cento da população, sendo um transtorno mental de influência genética extremamente forte. Os doentes sofrem de alucinações3, ilusões, sentimentos de perseguição e pensamentos desorganizados, sendo que estes sintomas4 podem ser tratados com neurolépticos5, mas não podem ser curados. Os mecanismos cerebrais envolvidos são parcialmente conhecidos e parecem estar associados a um comportamento anormal da dopamina6 (molécula que transmite impulsos nervosos) em áreas do cérebro1 ligadas ao raciocínio. Saber que as mutações que predispõem à doença atuam no desenvolvimento cerebral é fundamental. Fatores ambientais podem ter um papel, mesmo que a causa fundamental seja mais genética.
Apesar do avanço, um teste de DNA para o risco de esquizofrenia2 - semelhante aos que existem para certos tipos de câncer7 - ainda é uma realidade muito distante, pois ainda não é possível provar que qualquer mutação8 tenha causado a doença. Tratamentos futuros podem ter como alvo caminhos específicos dependendo da genética dos pacientes.
Fonte: Science