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Estudo revela que uma dose da vacina contra o HPV é tão eficaz quanto duas

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Uma dose da vacina1 bivalente ou nonavalente contra o papilomavírus humano (HPV) conferiu proteção contra infecções2 por HPV 16 e HPV 18 e demonstrou não inferioridade em relação a duas doses, segundo o estudo randomizado3 ESCUDDO, cujos resultados foram publicados no The New England Journal of Medicine.

Entre mais de 20.000 meninas de 12 a 16 anos na Costa Rica, a diferença na taxa de infecção4 entre uma e duas doses da vacina1 bivalente foi de -0,13 infecções2 por 100 participantes, enquanto essa diferença para a vacina1 nonavalente foi de 0,21 infecções2 por 100 participantes, relataram Aimée Kreimer, PhD, do Instituto Nacional do Câncer5, e seus colegas.

A eficácia da vacina1 foi de pelo menos 97% contra a infecção4 pelos genótipos HPV 16 ou HPV 18, responsáveis pela maioria dos casos de câncer5 do colo do útero6, independentemente de a participante ter recebido uma ou duas doses da vacina1 bivalente ou nonavalente contra o HPV. “Essa descoberta corrobora as projeções de que uma única dose previne a maioria das novas infecções2 e doenças subsequentes associadas a esses tipos”, escreveram os autores.

Leia sobre "HPV e verrugas genitais", "Vacinas - como funcionam e quais os prós e contras" e "Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)".

Esses resultados seguem duas grandes metanálises recentes que demonstraram que a vacinação contra o HPV em meninas de até 16 anos é segura e reduz substancialmente o risco de desenvolver câncer5 do colo do útero6.

“A vacinação contra o HPV com alta cobertura é um pilar dos esforços de controle do câncer5 do colo do útero6, mas, até o momento, nem um terço das adolescentes elegíveis em todo o mundo receberam a vacina1, que está licenciada há quase 20 anos”, observaram Kreimer e seus colegas. “As evidências deste estudo apoiam a recomendação alternativa da OMS de vacinação contra o HPV em dose única para alcançar maior cobertura, mantendo uma eficácia suficientemente alta.”

Em um editorial que acompanhou a publicação do artigo, Ruanne V. Barnabas, do Hospital Geral de Massachusetts e da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, observou que múltiplos estudos “têm demonstrado consistentemente que uma única dose da vacina1 contra o HPV proporciona imunogenicidade, eficácia e durabilidade das respostas imunes.”

“Esta é uma notícia encorajadora para os esforços globais de eliminação do câncer5 do colo do útero6, o quarto câncer5 mais comum entre as mulheres em todo o mundo”, escreveu ela. “A vacinação em dose única fortalece o pilar da vacinação, simplificando a administração e reduzindo os custos.”

“Temos as evidências e as ferramentas para eliminar o câncer5 do colo7 do útero”, concluiu Barnabas. “O que falta é a vontade coletiva de implementá-las de forma equitativa, eficaz e imediata.”

No artigo publicado os pesquisadores relatam que a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) em múltiplas doses é eficaz, mas a vacina1 tem sido subutilizada globalmente. Dados emergentes sugerem que uma única dose pode fornecer proteção. Não se sabe ao certo se uma única dose da vacina1 contra o HPV proporcionaria proteção semelhante a duas doses.

Neste ensaio clínico, portanto, foi avaliado se uma dose da vacina1 contra o HPV era não inferior a duas doses. Meninas de 12 a 16 anos de idade foram aleatoriamente designadas, em uma proporção de 1:1:1:1, para receber uma ou duas doses de uma vacina1 bivalente contra o HPV ou uma ou duas doses de uma vacina1 nonavalente contra o HPV.

O desfecho primário foi a ocorrência de uma nova infecção4 pelo HPV tipo 16 ou 18 entre o 12º e o 60º mês, persistindo por pelo menos 6 meses. A margem de não inferioridade pré-especificada foi de 1,25 infecções2 por 100 participantes. Também foi avaliada a eficácia da vacina1 comparando a infecção4 por HPV 16 ou HPV 18 entre as participantes do ensaio clínico com a infecção4 entre meninas e mulheres inscritas em uma pesquisa não randomizada.

Um total de 20.330 participantes foram inscritas e submetidas à randomização, e 3.005 participantes não vacinadas foram incluídas na pesquisa. A análise de não inferioridade mostrou que uma dose da vacina1 foi não inferior a duas doses na prevenção da infecção4 por HPV 16 ou HPV 18.

A diferença na taxa entre uma e duas doses da vacina1 bivalente foi de -0,13 infecções2 por 100 participantes (intervalo de confiança [IC] de 95%, -0,45 a 0,15; P <0,001 para não inferioridade), e a diferença entre uma e duas doses da vacina1 nonavalente foi de 0,21 infecções2 por 100 participantes (IC de 95%, -0,09 a 0,51; P <0,001 para não inferioridade).

A eficácia da vacina1 foi de pelo menos 97% em cada um dos quatro grupos do estudo. Nenhuma preocupação com a segurança foi identificada.

O estudo concluiu que uma dose da vacina1 bivalente ou nonavalente contra o HPV conferiu proteção contra a infecção4 por HPV 16 ou HPV 18 e foi não inferior a duas doses.

Veja também sobre "Câncer5 do colo do útero6", "Prevenção do câncer5" e "Exames preventivos que toda mulher deve fazer".

 

Fontes:
The New England Journal of Medicine, Vol. 393, Nº 24, em 03 de dezembro de 2025.
MedPage Today, notícia publicada em 03 de dezembro de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Estudo revela que uma dose da vacina contra o HPV é tão eficaz quanto duas. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1498645/estudo-revela-que-uma-dose-da-vacina-contra-o-hpv-e-tao-eficaz-quanto-duas.htm>. Acesso em: 29 dez. 2025.

Complementos

1 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
2 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
5 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
6 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
7 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.

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