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Dispositivo inteligente de amamentação pode medir a ingestão de leite dos bebês em tempo real

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O leite humano é o principal nutriente ideal para bebês1, sejam eles prematuros ou a termo. A Organização Mundial da Saúde2, a Academia Americana de Pediatria e outras instituições recomendam a amamentação3 na primeira hora de vida, o aleitamento materno4 exclusivo durante os primeiros 6 meses e a amamentação3 contínua durante o primeiro e o segundo ano de vida do bebê. As taxas de início e duração da amamentação3, no entanto, são sub-ótimas.

Embora a amamentação3 tenha muitos benefícios para os pais e seus bebês1, ela apresenta uma grande desvantagem: é incrivelmente difícil saber quanto leite o bebê está consumindo. E interrupções na amamentação3 podem ocorrer quando há incerteza quanto aos volumes ingeridos pelo bebê.

Para eliminar as incertezas na amamentação3, uma equipe interdisciplinar de engenheiros, neonatologistas e pediatras da Universidade Northwestern desenvolveu um novo dispositivo vestível que pode fornecer monitoramento contínuo e de nível clínico do consumo de leite materno.

O dispositivo discreto envolve o seio5 da mãe que amamenta de forma suave e confortável durante a amamentação3 e transmite os dados sem fio para um smartphone ou tablet. Os pais podem então visualizar uma exibição gráfica ao vivo da quantidade de leite que o bebê consumiu em tempo real.

Ao eliminar a incerteza, o dispositivo pode proporcionar tranquilidade aos pais durante os primeiros dias e semanas do bebê. Em particular, a nova tecnologia pode ajudar a reduzir a ansiedade dos pais e melhorar o manejo clínico da nutrição6 de bebês1 vulneráveis na unidade de terapia intensiva7 neonatal (UTIN).

O estudo foi publicado na revista Nature Biomedical Engineering. Para garantir sua precisão e praticidade, o dispositivo passou por várias etapas de avaliações rigorosas, incluindo modelagem teórica, experimentos de bancada e testes em uma coorte8 de novas mães no hospital.

Leia sobre "Aleitamento materno4: mitos, benefícios, dificuldades e soluções" e "Primeiro ano de vida do bebê - mês a mês".

“Saber exatamente a quantidade de leite que um bebê está recebendo durante a amamentação3 tem sido um desafio para pais e profissionais de saúde”, disse John A. Rogers, da Northwestern, que liderou o desenvolvimento do dispositivo. “Essa tecnologia elimina essa incerteza, oferecendo uma maneira conveniente e confiável de monitorar a ingestão de leite em tempo real, seja no hospital ou em casa.”

“A incerteza sobre se um bebê está recebendo nutrição6 suficiente pode causar estresse para as famílias, especialmente para mães que amamentam com bebês1 prematuros na UTIN”, disse o Dr. Daniel Robinson, neonatologista da Northwestern Medicine e co-autor correspondente do estudo. “Atualmente, existem apenas maneiras complexas de medir a quantidade de leite que um bebê consumiu durante a amamentação3, como pesá-lo antes e depois da mamada. Esperamos que este sensor represente um grande avanço no suporte à lactação9, reduzindo o estresse das famílias e aumentando a segurança dos médicos, à medida que os bebês1 progridem na amamentação3, mas ainda precisam de suporte nutricional. Reduzir a incerteza e ajudar as famílias a atingir seus objetivos de amamentação3 resultará em crianças, mães e comunidades mais saudáveis.

O dispositivo construído por Robinson e colegas é composto por quatro eletrodos, cada um com alguns centímetros de largura, que podem ser fixados na mama10, longe do mamilo. Dois eletrodos transmitem correntes elétricas muito fracas de um lado da mama10 para o outro, onde são recebidas pelo segundo par.

O dispositivo envia essas gravações para um aplicativo de smartphone que calcula a quantidade de leite liberada em tempo real, com base nos sinais11 elétricos que se tornam mais fracos à medida que mais leite é liberado, diz Robinson.

Para testar a validade do sistema, os pesquisadores o utilizaram em 12 mulheres que amamentavam, que usavam bombas de extração de leite para extrair leite em mamadeiras por cerca de 15 minutos. O sistema estimou o volume de leite coletado com uma margem de erro de cerca de 2 mililitros em relação à quantidade real, em média, com cada participante extraindo, em média, 50 mililitros.

Isso sugere que o dispositivo pode permitir que os pais, sob a supervisão de médicos, monitorem a nutrição6 de seus bebês1 e façam as mudanças necessárias, como a possível suplementação12 com leite em pó, diz Robinson.

Em outro experimento, uma das mulheres usou o dispositivo enquanto amamentava. O aplicativo calculou que seu bebê bebeu 24 mililitros de leite, o que é semelhante aos 20 milímetros que a equipe calculou pesando o bebê imediatamente antes e depois da mamada, diz Robinson.

“Um dos motivos mais comuns para mães de bebês1 nascidos a termo desistirem da amamentação3 é a percepção de que têm leite insuficiente, então essa técnica pode ser útil para estabelecer se isso é verdade ou não, e também talvez para verificar se a mudança de posicionamento ou pega pode melhorar o fluxo de leite”, diz Mary Fewtrell, do University College London.

Mas estudos maiores são necessários para verificar a precisão da abordagem, bem como se o dispositivo interfere na produção de leite, tem efeitos colaterais13 a longo prazo e se os pais realmente o desejam, diz Amy Brown, da Universidade de Swansea, no Reino Unido.

No artigo publicado, os pesquisadores relatam o desenvolvimento desse sistema compacto e sem fio para monitoramento contínuo do leite materno extraído durante a amamentação3.

O dispositivo discreto se conecta suavemente à mama10 por meio de quatro eletrodos e mede com precisão o volume de leite extraído durante a amamentação3 por meio de mudanças na impedância da corrente alternada.

Os dados são transmitidos sem fio para um smartphone continuamente durante cada sessão de amamentação3 para exibição gráfica em tempo real. Resultados experimentais e computacionais abrangentes estabelecem os princípios operacionais e orientam as escolhas de engenharia para um desempenho otimizado.

Avaliações com 12 mães que amamentam ao longo de períodos de até 17 semanas na unidade de terapia intensiva7 neonatal e em ambientes domiciliares ilustram a utilidade prática dessa tecnologia para atender a uma necessidade não atendida de extrema importância nos cuidados maternos e neonatais.

Veja também sobre "Crescimento Infantil14" e "A importância do leite materno".

 

Fontes:
Nature Biomedical Engineering, publicação em 14 de maio de 2025.
Northwestern University, notícia publicada em 14 de maio de 2025.
New Scientist, notícia publicada em 14 de maio de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Dispositivo inteligente de amamentação pode medir a ingestão de leite dos bebês em tempo real. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1490410/dispositivo-inteligente-de-amamentacao-pode-medir-a-ingestao-de-leite-dos-bebes-em-tempo-real.htm>. Acesso em: 5 jun. 2025.

Complementos

1 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
4 Aleitamento Materno: Compreende todas as formas do lactente receber leite humano ou materno e o movimento social para a promoção, proteção e apoio à esta cultura. Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
5 Seio: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
6 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
7 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
8 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
9 Lactação: Fenômeno fisiológico neuro-endócrino (hormonal) de produção de leite materno pela puérpera no pós-parto; independente dela estar ou não amamentando.Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
10 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
11 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
12 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
13 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
14 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.

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