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A dança pode ser uma intervenção eficaz para idosos com comprometimento cognitivo leve, Alzheimer e demência

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Pesquisadores da Universidade Batista de Hong Kong realizaram uma revisão sistemática de escopo e metanálise sobre a eficácia das intervenções de movimento de dança para idosos com comprometimento cognitivo1 leve (CCL), doença de Alzheimer2 (DA) e demência3. As descobertas foram publicadas na revista científica Ageing Research Reviews.

Eles relatam que, atualmente, não há tratamentos farmacológicos (medicamentos) que possam curar CCL, DA ou demência3. Terapias não farmacológicas não incluem o uso de medicamentos; elas são normalmente usadas para pacientes4 com o propósito de sustentar ou aumentar a função cognitiva5, qualidade de vida geral ou a capacidade de conduzir tarefas da vida diária com características de baixo custo, baixo risco e fáceis de usar.

Por exemplo, estudos anteriores apontaram que atividades aeróbicas e exercícios anaeróbicos melhoram a função cognitiva5 e podem reduzir a velocidade da deterioração cognitiva5 em indivíduos com DA ou demência3. Terapias não farmacológicas para violência e agitação em pessoas com demência3 também parecem ser mais bem-sucedidas do que intervenções farmacêuticas para a redução dos sintomas6.

Leia sobre "Doenças nervosas degenerativas7" e "Distúrbio neurocognitivo".

A atividade de dança foi recomendada anteriormente para adiar o declínio cognitivo1, reduzir a agitação, melhorar o humor, melhorar a alegria e impulsionar os contatos sociais. A intervenção de movimento de dança (IMD) pode estimular as áreas do cérebro8 envolvidas na memória, função executiva9 e habilidades motoras. A improvisação de dança, por exemplo, faz uso de recursos do lobo frontal10, enquanto o movimento depende do rastreamento visual e da integração do caminho.

Nesse contexto, o objetivo do atual estudo foi sintetizar evidências sobre a eficiência e viabilidade da IMD para idosos com CCL, DA e demência3, e realizar uma metanálise usando estudos de ensaios clínicos11 randomizados controlados (ECRC) elegíveis.

Uma busca sistemática foi conduzida usando seis bancos de dados eletrônicos: Web of Science, PubMed, PsycINFO, MEDLINE, ScienceDirect e Cochrane Central Register of Controlled Trials. A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi avaliada usando as ferramentas Cochrane Risk of Bias Tool for Randomized Trials (RoB 2) e The Risk of Bias in Non-randomized Studies of Interventions (ROBINS-I).

29 estudos de intervenção de dança (13 estudos ECRC) foram incluídos na revisão de escopo: 62% de CCL, 10% de DA e 28% de demência3, com um total de 1.708 participantes (mulheres = 1.247; homens = 461) com idades entre 63,8 (± 5,24) e 85,8 (± 5,27) anos.

Oito estudos ECRC foram incluídos na metanálise; os resultados indicaram que as intervenções de dança tiveram um efeito significativo na cognição12 global, memória e equilíbrio, e diminuíram significativamente a depressão. Nenhum efeito significativo foi encontrado para a função executiva9.

O estudo concluiu que a dança é uma intervenção não farmacológica eficaz, acessível e envolvente que pode ser usada como tratamento complementar para idosos com CCL, DA e demência3.

Veja também sobre "Exercícios aeróbicos" e "Musculação para idosos".

Destaques

  • As descobertas do estudo relacionadas à IMD têm implicações de longo prazo para pesquisas futuras na prática clínica e de reabilitação.
  • A atividade de dança é aplicável às restrições fisiológicas13 e psicológicas de pessoas mais velhas.
  • A dança também fornece estímulos multimodais, incluindo experiências médicas, mentais e sociais.
  • O estudo fornece um mecanismo para resumir e comunicar descobertas de pesquisa a formuladores de políticas e profissionais.

 

Fonte: Ageing Research Reviews, Vol. 92, em dezembro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2025. A dança pode ser uma intervenção eficaz para idosos com comprometimento cognitivo leve, Alzheimer e demência. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1480900/a-danca-pode-ser-uma-intervencao-eficaz-para-idosos-com-comprometimento-cognitivo-leve-alzheimer-e-demencia.htm>. Acesso em: 5 fev. 2025.

Complementos

1 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
3 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
4 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
5 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
6 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
7 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Função executiva: Também conhecida como controle cognitivo ou sistema supervisor atencional é um conceito neuropsicológico que se aplica ao processo cognitivo responsável pelo planejamento e execução de atividades, que podem incluir, por exemplo, a iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição de impulsos.
10 Lobo frontal:
11 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
12 Cognição: É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, percepção, classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
13 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
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