Estudo sugere que existe um melhor momento do mês para tratar o câncer de mama
As taxas de sobrevivência1 ao câncer2 de mama3 poderiam ser melhoradas simplesmente programando o tratamento para um estágio específico do ciclo menstrual? Em estudo publicado na revista Nature, pesquisadores revelam que o ciclo menstrual modifica a sensibilidade ao tratamento do câncer2 de mama3. Este resultado levanta novas possibilidades terapêuticas.
Além de preparar o corpo para uma possível gravidez4, o ciclo menstrual afeta a função de muitos tipos de células5 em uma variedade de órgãos. Agora, dados de camundongos e humanos sugerem que a sensibilidade à quimioterapia6, e consequentemente a resposta às terapias contra o câncer2, é afetada por flutuações nos hormônios ovarianos estrogênio e progesterona ao longo do ciclo.
Os pesquisadores estudaram o ciclo hormonal equivalente em camundongos e descobriram que durante a fase de estro, em que os níveis de progesterona são baixos, os tumores são mais suscetíveis à quimioterapia6. O mesmo efeito foi demonstrado em humanos em um pequeno estudo retrospectivo7. A equipe adverte que um ensaio clínico maior precisaria ser conduzido, mas espera que esse trabalho possa oferecer uma forma fácil de implementar para aumentar o efeito da quimioterapia6.
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No artigo publicado, os pesquisadores explicam como o estágio do ciclo estral afeta a sensibilidade do tumor8 mamário à quimioterapia6.
Eles relatam que a resposta do câncer2 de mama3 à quimioterapia6 neoadjuvante (QNA) varia substancialmente, mesmo quando os tumores pertencem ao mesmo subtipo molecular ou histológico9.
Neste estudo, identificou-se o ciclo estral como um importante contribuinte para essa heterogeneidade. Em três modelos de camundongos de câncer2 de mama3, mostrou-se respostas reduzidas à QNA quando o tratamento é iniciado durante o estágio de diestro, quando comparado com o início durante o estágio de estro. Descobertas semelhantes foram observadas em coortes retrospectivas de pacientes humanas na pré-menopausa10.
Mecanicamente, o estágio de diestro exibe alterações sistêmicas e localizadas, incluindo (1) um número aumentado de células5 passando pela transição epitelial-mesenquimal11 ligada à quimiorresistência e (2) diâmetro reduzido do vaso tumoral, sugerindo potenciais restrições à sensibilidade e administração do medicamento. Além disso, uma presença elevada de macrófagos12, anteriormente associada à indução de quimiorresistência, caracteriza a fase de diestro.
Enquanto a QNA interrompe o ciclo estral, essa prevalência13 elevada de macrófagos12 persiste e a depleção14 de macrófagos12 atenua a resposta terapêutica15 reduzida observada ao iniciar o tratamento durante o diestro.
Esses dados demonstram coletivamente o ciclo estral como um ritmo infradiano crucial que determina a quimiossensibilidade, justificando futuros estudos clínicos para explorar o momento ideal de início do tratamento para resultados aprimorados da quimioterapia6.
Fontes:
Nature, publicação em 04 de dezembro de 2024.
Nature, notícia publicada em 04 de dezembro.