Obesidade na gravidez: estudo sugere que ganhar menos peso do que as diretrizes recomendam pode ser mais seguro e potencialmente benéfico
O ganho de peso na gravidez1 abaixo do mínimo atual recomendado pelo Instituto de Medicina (IOM) dos EUA para pacientes2 obesas não pareceu aumentar o risco de complicações maternas e fetais e foi associado à redução do risco para pacientes2 gravemente obesas, de acordo com um grande estudo de base populacional da Suécia, publicado no The Lancet.
Com um índice de massa corporal3 (IMC4) de 30,0 a 39,9, o ganho de peso na gravidez1 abaixo dos 5 kg (11 lb) recomendados não aumentou significativamente o risco de um composto de resultados adversos, relataram Kari Johansson, PhD, do Instituto Karolinska em Estocolmo, e co-autores.
Para mulheres com obesidade5 classe 3 (IMC4 ≥40,0), o ganho de peso abaixo do limite inferior do IOM ou a perda de peso tiveram, na verdade, um risco reduzido de um composto de resultados adversos.
Em última análise, os autores concluíram que um menor ganho de peso na gravidez1, ou mesmo perda de peso, era seguro para pacientes2 obesas.
Leia sobre "Recomendação de ganho de peso durante a gestação", "peso normal de um bebê durante a gestação" e "Obesidade5 mórbida".
“Nossas descobertas apoiam os apelos para reduzir ou remover o limite inferior das recomendações atuais do IOM para grávidas com obesidade5 e sugerem que diretrizes separadas para obesidade5 de classe 3 podem ser justificadas”, concluíram.
O IOM atualmente recomenda que mulheres com obesidade5 ganhem entre 5 e 9 kg, mas Johansson disse que há “preocupações de que essas recomendações sejam muito altas e que uma única recomendação para todas mulheres com obesidade5 seja insuficiente”.
A reavaliação destas diretrizes “pode ajudar a reduzir o elevado fardo dos maus resultados de saúde6 materna e infantil associados à obesidade5 pré-gravidez”, observou ela. Por exemplo, outros estudos descobriram que o ganho excessivo de peso durante a gravidez1 estava ligado a uma morte precoce.
No artigo publicado, os pesquisadores relatam que há preocupações de que as atuais recomendações de ganho de peso gestacional para mulheres com obesidade5 sejam muito altas e que as diretrizes devam diferir com base na gravidade da obesidade5.
Neste estudo, portanto, investigou-se a segurança do ganho de peso gestacional abaixo das recomendações atuais ou da perda de peso em gestações com obesidade5, e avaliou-se se são necessárias diretrizes separadas para diferentes classes de obesidade5.
Neste estudo de coorte7 de base populacional, foram usados registros médicos eletrônicos do estudo de coorte7 perinatal de Estocolmo-Gotland para identificar gestações com obesidade5 (IMC4 no início da gravidez1 antes de 14 semanas de gestação ≥30 kg/m²) entre gestações únicas que tiveram parto entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2015. Os registros de gravidez1 foram vinculados aos dados do registro nacional de saúde6 sueco até 31 de dezembro de 2019.
O ganho de peso gestacional foi calculado como o último peso medido antes ou no parto menos o peso no início da gravidez1 (em <14 semanas de gestação) e padronizados para idade gestacional em z-scores. Usou-se a regressão de Poisson para avaliar a associação do z-score do ganho de peso gestacional com um desfecho composto de: natimorto, óbito8 infantil, grande para a idade gestacional e pequeno para a idade gestacional ao nascer, parto prematuro, cesariana não planejada, diabetes gestacional9, pré-eclâmpsia10, retenção excessiva de peso pós-parto e doença cardiometabólica materna de longo prazo de início recente após a gravidez1, ponderado para levar em conta a gravidade do evento.
Calculou-se razões de taxa (RRs) para o composto de resultados adversos ao longo do continuum do z-score de ganho de peso, em comparação com uma referência do limite inferior atual para ganho de peso gestacional recomendado pelo Instituto de Medicina dos EUA (IOM; 5 kg ao termo). As RRs foram ajustadas para fatores de confusão (idade materna, altura, paridade, IMC4 no início da gravidez1, tabagismo no início da gravidez1, doença cardiovascular ou diabetes11 antes da gravidez1, educação, estado de coabitação e país nórdico de nascimento).
A coorte12 compreendeu 15.760 gestações com obesidade5, acompanhadas por uma mediana de 7,9 anos (IQR 5,8-9,4). 11.667 (74,0%) gestações tinham obesidade5 classe 1, 3.160 (20,1%) tinham obesidade5 classe 2 e 933 (5,9%) tinham obesidade5 classe 3. Entre essas gestações, 1.623 (13,9%), 786 (24,9%) e 310 (33,2%), respectivamente, tiveram ganho de peso durante a gravidez1 abaixo do limite inferior da recomendação do IOM (5 kg).
Em gestações com obesidade5 classe 1 ou 2, valores de ganho de peso gestacional abaixo do limite inferior da recomendação do IOM ou perda de peso não aumentaram o risco do desfecho composto adverso (por exemplo, no z-score de ganho de peso -2,4, correspondente a 0 kg às 40 semanas: RR ajustada 0,97 [IC 95% 0,89-1,06] na obesidade5 classe 1 e 0,96 [0,86-1,08] na obesidade5 classe 2).
Em gestações com obesidade5 classe 3, valores de ganho de peso abaixo do limite do IOM ou perda de peso foram associados à redução do risco do desfecho composto adverso (por exemplo, RR ajustada 0,81 [0,71-0,89] no z-score de ganho de peso -2,4 ou 0 kg).
Essas descobertas apoiam os apelos para reduzir ou remover o limite inferior das recomendações atuais do IOM para grávidas com obesidade5, e sugerem que diretrizes separadas para obesidade5 de classe 3 podem ser justificadas.
Veja também sobre "Cálculo13 do IMC4", "Tratamento da obesidade5" e "Gestação semana a semana".
Fontes:
The Lancet, Vol. 403, Nº 10435, em abril de 2024.
MedPage Today, notícia publicada em 01 de abril de 2024.