Algumas bactérias intestinais foram associadas a pólipos pré-cancerosos do cólon
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Harvard Medical School no Massachusetts General Hospital associou certos tipos de bactérias intestinais ao desenvolvimento de pólipos1 pré-cancerosos do cólon2. Os resultados foram publicados na Cell Host & Microbe.
“Os pesquisadores têm trabalhado muito para entender a relação entre o microbioma3 intestinal e o câncer4. Mas este novo estudo é sobre a compreensão da influência do microbioma3 em pólipos1 pré-cancerosos”, disse o co-autor Daniel C. Chung, professor de medicina da HMS, co-diretor médico do Centro de Avaliação de Risco de Câncer4 no Mass General Cancer4 Center e professor membro da divisão de gastroenterologia do Mass General.
“Através do microbioma3, temos potencialmente uma oportunidade de intervir e prevenir a formação do câncer4 colorretal”, disse ele.
O câncer4 colorretal é a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer4 nos EUA, e as taxas de câncer4 colorretal estão aumentando entre os adultos jovens.
Quase todos os cânceres colorretais surgem de um pólipo5 pré-canceroso. Uma das melhores maneiras de reduzir a incidência6 de câncer4 colorretal é interromper o crescimento no estágio de pólipo5.
Há mais de uma maneira de um pólipo5 se desenvolver. Os dois principais tipos de pólipos1 são os adenomas tubulares e os pólipos1 serrilhados sésseis.
Os fatores de risco para câncer4 colorretal e pólipos1 incluem fatores de estilo de vida, como sobrepeso7 ou obesidade8, baixos níveis de atividade física, dieta rica em carnes vermelhas e processadas, tabagismo e uso de álcool.
Esses fatores também influenciam as bactérias que vivem em nossos intestinos9, conhecidas coletivamente como microbioma3 intestinal.
Os pesquisadores acham que essas influências ambientais podem promover o crescimento de pólipos1 de duas maneiras. Ou eles alteram o microbioma3 intestinal diretamente de uma forma que estimula o crescimento de pólipos1, ou promovem o crescimento de pólipos1, que por sua vez influencia o microbioma3 intestinal afetando diretamente as células10 que revestem os intestinos9.
Anteriormente, estudos menores tentando vincular o microbioma3 intestinal aos pólipos1 não encontraram um padrão consistente, embora não tenham analisado especificamente esses dois tipos de pólipos1.
Saiba mais sobre "Adenomas", "Microbioma3 intestinal humano" e "Câncer4 Colorretal".
Para estudar a ligação do microbioma3 intestinal aos pólipos1 do cólon2, os pesquisadores coletaram dados de 1.200 pessoas que fizeram colonoscopias de triagem de rotina.
Eles coletaram informações sobre saúde11, dieta, medicamentos e estilo de vida e analisaram amostras de fezes para determinar a composição bacteriana do microbioma3 intestinal do grupo de estudo.
A nova pesquisa é o maior estudo de um extenso programa de pesquisa colaborativa, o GI Disease and Endoscopy Registry (GIDER) no Mass General, que permite a esses pesquisadores entender as doenças gastrointestinais com mais profundidade do que nunca.
Este registro permanece ativo e a coleta contínua de dados permitirá um acompanhamento longitudinal.
O novo estudo, o maior do gênero, analisou as diferenças na assinatura microbiana intestinal de pessoas sem pólipos1 do cólon2, com adenomas tubulares ou com adenomas serrilhados sésseis. Eles também correlacionaram esses dados com a saúde11 e o histórico familiar dos pacientes.
Assinaturas bacterianas foram agrupadas em três grupos com base no tipo e presença de pólipos1 no cólon2.
Dezenove espécies bacterianas foram significativamente diferentes em pacientes com adenomas tubulares do que em outras populações.
Em pacientes com adenomas serrilhados sésseis, oito espécies foram significativamente diferentes.
Os autores observam que a população do estudo era predominantemente branca, limitando a generalização para outros grupos populacionais, e que o estudo não pode estabelecer se as espécies bacterianas ou o tecido12 do adenoma13 mudam primeiro.
O próximo passo é que os pesquisadores isolem espécies específicas de bactérias que atuam no intestino e vejam se podem verificar essas relações funcionais entre as espécies bacterianas e o crescimento de pólipos1 com um modelo em laboratório.
Esta informação pode ajudar a desenvolver um probiótico14 ou tratamento para diminuir o risco de câncer4 colorretal ou funcionar como um método de triagem para avaliar pólipos1 ou risco de câncer4 colorretal.
“A esperança é que, alterando aspectos específicos da dieta ou do microbioma3, possamos alterar a história natural desses pólipos”, disse Chung. “As intervenções para prevenir a formação de pólipos1 ou alterar seus padrões de crescimento podem, em última análise, prevenir o câncer4 colorretal.”
Associação de assinaturas microbianas distintas com adenomas colorretais pré-malignos
Destaques
- O microbioma3 intestinal varia de acordo com o tipo e a localização dos adenomas colônicos.
- Adenomas tubulares estão associados a uma diminuição nas enzimas que metabolizam o metano.
- Adenomas serrilhados exibem aumento do potencial metabólico de NAD, ácido biliar e sulfato.
- A maioria das espécies microbianas significativas para o adenoma13 se correlaciona com dieta ou medicamentos.
Resumo
As exposições ambientais são um importante fator de risco15 para o desenvolvimento de câncer4 colorretal, e o microbioma3 intestinal pode servir como um integrador desse risco ambiental.
Para estudar o microbioma3 associado a lesões16 pré-malignas do cólon2, como adenomas tubulares (ATs) e adenomas serrilhados sésseis (ASSs), traçou-se o perfil de amostras de fezes de 971 participantes submetidos à colonoscopia17 e comparou-se esses dados com o histórico alimentar e medicamentoso.
As assinaturas microbianas associadas com ASS ou AT são distintas. ASS associa-se a múltiplos sistemas de defesa antioxidante microbiana, enquanto AT associa-se a uma depleção18 da metanogênese microbiana e metabolismo19 do mevalonato.
Fatores ambientais, como dieta e medicamentos, estão ligados à maioria das espécies microbianas identificadas. As análises de mediação descobriram que Flavonifractor plautii e Bacteroides stercoris transmitem os efeitos protetores ou carcinogênicos desses fatores para a carcinogênese precoce.
Esses achados sugerem que as dependências únicas de cada lesão20 pré-maligna podem ser exploradas terapeuticamente ou por meio de intervenção dietética.
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Fontes:
Cell Host & Microbe, Vol. 31, Nº 5, em 10 de maio de 2023.
Harvard Medical School, notícia publicada em 08 de junho de 2023.