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A exposição a componentes de pesticidas causa perda gestacional recorrente

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Em estudo publicado no periódico Scientific Reports, pesquisadores investigaram os níveis plasmáticos de componentes de pesticidas, nomeadamente bifenilos policlorados (PCBs), dieldrin, diclorodifenildicloroetileno (DDE), etion, malation e clorpirifós em casos de perda gestacional recorrente, testaram suas associações com biomarcadores de estresse oxidativo placentário (óxido nítrico [NO], substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico [TBARS], glutationa reduzida [GSH] e superóxido dismutase [SOD]) e com índices apoptóticos/antiapoptóticos placentários (Bcl-2 e caspase-3), e avaliaram seus possíveis pontos de corte para distinguir casos de perda gestacional recorrente.

O estudo recrutou 101 gestantes divididas em:

  • G1 – n = 49, controle, gravidez1 normal no 1º trimestre, história obstétrica normal com pelo menos um nascido vivo anterior normal;
  • G2 – n = 26, casos com aborto retido (< 3 abortos) antes de 24 semanas de gestação;
  • G3 – n = 26, casos com aborto retido (≥ 3 abortos) antes de 24 semanas de gestação.

Os níveis plasmáticos de pesticidas foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa. Gonadotrofina coriônica humana2 (hCG) plasmática, estresse oxidativo placentário, Bcl-2 e caspase-3 foram analisados por seus métodos e kits correspondentes.

Saiba mais sobre "Aborto", "Gestação semana a semana" e "Sangramentos durante a primeira metade da gravidez1".

Os níveis plasmáticos de PCB, DDE, dieldrin e etion foram significativamente maiores em casos de perda gestacional recorrente do que em gestações normais (p ≤ 0,001). Esses níveis se correlacionaram positivamente com estresse oxidativo placentário e apoptose3, e negativamente com os níveis plasmáticos de hCG.

Além disso, esses níveis eram marcadores confiáveis de risco para perda gestacional recorrente.

Malation e clorpirifós não foram detectados em nenhuma das participantes do estudo.

Esse estudo demonstrou que os pesticidas podem ser fatores de risco em casos de perda gestacional recorrente espontânea. Eles estão associados com um aumento do estresse oxidativo placentário e apoptose3 placentária.

Medidas específicas devem ser tomadas para diminuir a exposição materna a essas fontes de poluentes, especialmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

 

Fonte: Scientific Reports, publicação em 05 de junho de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. A exposição a componentes de pesticidas causa perda gestacional recorrente. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1439905/a-exposicao-a-componentes-de-pesticidas-causa-perda-gestacional-recorrente.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Gonadotrofina coriônica humana: Gonadotrofina coriônica humana ou HCG é uma glicoproteína hormonal produzida pelas células trofoblásticas sinciciais nos líquidos maternos. No início da gravidez as concentrações de HCG no soro e na urina da mulher aumentam rapidamente, sendo um bom marcador para testes de gravidez. Sete a dez dias após a concepção, a concentração de HCG alcança 25 mUI/mL e aumenta ao pico de 37.000-50.000 mUI/mL entre oito e onze semanas. É o único hormônio exclusivo da gravidez, fazendo com que o teste de gravidez pela análise de HCG tenha acerto de quase 100%. É o único exame que comprova exatamente a gravidez.
3 Apoptose: Morte celular não seguida de autólise, também conhecida como “morte celular programada“.
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