Estimulação cerebral profunda pode reduzir o impacto emocional das memórias
A estimulação cerebral profunda pode ser usada para reduzir a força emocional das memórias de uma pessoa e pode um dia até ajudar a combater o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature Human Behaviour.
Segundo os pesquisadores, é mais provável que nos lembremos de experiências emocionais do que de experiências neutras, mas a estimulação cerebral profunda usando eletrodos implantados reduz esse efeito da memória, de forma que poderia ser usada para tratar o TEPT.
Salman Qasim, da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York, e seus colegas investigaram a ligação entre emoção e memória reanalisando dados de um estudo anterior. “Nós realmente queríamos entender como o cérebro1 aumenta naturalmente a memória para certos eventos em detrimento de outros”, diz Qasim.
Os pesquisadores mostraram que a atividade neuronal na amígdala2 e no hipocampo3 humanos aumenta a codificação da memória emocional.
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Eles relatam que eventos emocionais compreendem nossas memórias mais fortes e valiosas. No estudo, examinou-se como o cérebro1 prioriza informações emocionais para armazenamento usando gravação cerebral direta e estimulação cerebral profunda.
Primeiro, 148 participantes submetidos à gravação de eletroencefalografia4 intracraniana (iEEG) realizaram uma tarefa de memória episódica. Os participantes tiveram mais sucesso em lembrar de estímulos emocionalmente excitantes.
A atividade de alta frequência (AAF), um correlato da atividade neuronal, aumentou tanto no hipocampo3 quanto na amígdala2 quando os participantes codificaram estímulos emocionais com sucesso.
Em seguida, em um subconjunto de participantes (N = 19), mostrou-se que a aplicação de estimulação elétrica de alta frequência ao hipocampo3 diminuiu seletivamente a memória para estímulos emocionais e especificamente diminuiu a AAF.
Por fim, mostrou-se que indivíduos com depressão (N = 19) também apresentam diminuição da memória mediada por emoções e AAF.
Ao demonstrar como a estimulação direta e os sintomas5 de depressão desvinculam atividade de alta frequência, emoção e memória, mostrou-se o potencial causal e translacional da atividade neural no circuito amígdalo-hipocampal para priorizar memórias que despertam emoções.
Fontes:
Nature Human Behaviour, publicação em 16 de janeiro de 2023.
New Scientist, notícia publicada em 16 de janeiro de 2023.