Risco de meningioma associado à exposição à radiação aumenta com a dose após tratamento para câncer infantil
O meningioma é a neoplasia1 subsequente mais comum após a irradiação craniana entre os sobreviventes de câncer2 infantil, mas ainda há incertezas quanto à magnitude da associação dose-resposta de radiação, potenciais modificadores dos riscos da radiação e o papel da quimioterapia3.
Neste estudo, publicado no JAMA Oncology, o objetivo foi avaliar o risco de meningioma em sobreviventes de câncer2 infantil após radioterapia4 e quimioterapia3 e identificar possíveis fatores modificadores do risco associado à radiação.
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Este estudo de caso-controle internacional combinou dados de 4 estudos de caso-controle aninhados de sobreviventes de câncer2 infantil diagnosticados entre 1942 e 2000, acompanhados até 2016.
Os casos foram definidos como participantes diagnosticados com um meningioma subsequente. Os controles foram pareados com os casos com base no sexo, idade no primeiro diagnóstico5 de câncer2 e duração do acompanhamento. Os dados foram analisados de julho de 2019 a junho de 2022.
As exposições do estudo foram a dose de radiação (Gy) no local do meningioma e doses cumulativas de quimioterapia3, incluindo doses de metotrexato intratecal e sistêmico6.
O desfecho principal foi meningioma subsequente, avaliado por meio de odds ratios (ORs) e excesso de odds ratio por gray7 (EOR/Gy).
A análise incluiu 273 sobreviventes de câncer2 infantil que desenvolveram meningioma (casos) e 738 sobreviventes que não desenvolveram (controles), com um total de 1.011 indivíduos (idade mediana [IQR] no primeiro diagnóstico5 de câncer2 5,0 [3,0-9,2] anos; 599 [59,2%] do sexo feminino). O tempo médio (IQR) desde o primeiro câncer2 foi de 21,5 (15,0-27,0) anos.
O aumento da dose de radiação foi associado ao aumento do risco de meningioma (EOR/Gy, 1,44; IC 95%, 0,62-3,61) e não houve evidência de afastamento da linearidade (P = 0,90).
Em comparação com os sobreviventes que não foram expostos à radioterapia4, aqueles que receberam doses de 24 Gy ou mais tiveram chances 30 vezes maiores de meningioma (OR, 33,66; IC 95%, 14,10-80,31).
A associação dose-resposta de radiação foi significativamente menor entre pacientes tratados com 10 anos de idade ou mais em comparação com aqueles tratados antes dos 10 anos de idade (EOR/Gy, 0,57; IC 95%, 0,18-1,91 vs 2,20; IC 95%, 0,87-6,31; P para heterogeneidade = 0,03).
O risco associado à radiação permaneceu significativamente elevado 30 anos após a exposição (EOR/Gy, 3,76; IC 95%, 0,77-29,15).
Encontrou-se um risco aumentado de meningioma entre as crianças que receberam metotrexato (OR, 3,43; IC 95%, 1,56-7,57), mas nenhuma evidência de associação dose-resposta ou interação com a dose de radiação.
Esses achados sugerem que as meninges8 são altamente radiossensíveis, especialmente para crianças tratadas antes dos 10 anos de idade. Esses resultados apoiam a redução da irradiação de todo o cérebro9 nas últimas décadas e a priorização de abordagens que limitam a exposição à radiação em tecidos saudáveis para crianças.
A persistência de riscos elevados de meningiomas por 30 anos após a radioterapia4 craniana pode ajudar a informar as diretrizes de vigilância.
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Fonte: JAMA Oncology, publicação em 06 de outubro de 2022.