Condições médicas novas e progressivas ocorrem em 19% das crianças que sobrevivem à hospitalização por sepse
A sepse1 está associada ao desenvolvimento e progressão de comorbidades2 em crianças?
Sabe-se que as crianças comumente apresentam sequelas3 físicas, cognitivas ou emocionais após a sepse1. No entanto, pouco se sabe sobre o desenvolvimento ou progressão das condições médicas após a sepse1 pediátrica.
O objetivo deste estudo, publicado no JAMA Pediatrics, foi quantificar o desenvolvimento e progressão de 4 condições comuns nos 6 meses após a sepse1 e avaliar se elas diferiram após a hospitalização por sepse1 versus não sepse1 entre crianças gravemente doentes.
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Este estudo de coorte5 de 101.511 crianças (<19 anos) com hospitalização por sepse1 ou sem sepse1 usou um banco de dados administrativo nacional dos Estados Unidos (1º de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2018). O gerenciamento e a análise dos dados foram realizados de 1º de abril de 2020 a 7 de julho de 2022.
A exposição do estudo foi internação em unidade de terapia intensiva6 por sepse1 versus internações em unidade de terapia intensiva6 por todas as causas, excluindo sepse1.
Os resultados primários foram o desenvolvimento de 4 condições-alvo (insuficiência respiratória7 crônica, distúrbio convulsivo, dependência de nutrição8 suplementar e doença renal9 crônica) dentro de 6 meses após a alta hospitalar. Os resultados secundários foram a progressão das 4 condições-alvo entre as crianças com a condição antes da hospitalização.
Os resultados foram identificados por meio de códigos de diagnóstico10 e procedimentos, códigos de equipamentos médicos duráveis e medicamentos prescritos. As diferenças no desenvolvimento e na progressão das condições entre pacientes pediátricos com sepse1 e pacientes pediátricos sem sepse1 que sobreviveram à internação na unidade de terapia intensiva6 foram avaliadas por meio de regressão logística com pesos correspondentes.
Um total de 5.150 sobreviventes de sepse1 pediátrica e 96.361 sobreviventes de internações em unidades de terapia intensiva6 sem sepse1 foram identificados; 2.593 (50,3%) eram do sexo feminino. A idade mediana foi de 9,5 anos (IQR, 3-15 anos) na coorte11 com sepse1 e 7 anos (IQR, 2-13 anos) na coorte11 sem sepse1.
Dos 5.150 sobreviventes de sepse1, 670 (13,0%) desenvolveram uma nova condição-alvo e 385 de 1.834 (21,0%) com uma condição-alvo preexistente tiveram progressão da doença. Um total de 998 dos 5.150 sobreviventes (19,4%) teve desenvolvimento e/ou progressão de pelo menos uma condição.
Novas condições foram mais comuns entre as hospitalizações com sepse1 versus sem sepse1 (nova insuficiência respiratória crônica12: 4,6% versus 1,9%; razão de chances [OR], 2,54 [IC 95%, 2,19-2,94]; nova dependência de nutrição8 suplementar: 7,9% versus 2,7%; OR, 3,17 [IC 95%, 2,80-3,59]; e nova doença renal9 crônica: 1,1% vs 0,6%; OR, 1,65 [IC 95%, 1,25-2,19]). Novo distúrbio convulsivo foi menos comum (4,6% vs 6,0%; OR, 0,77 [IC 95%, 0,66-0,89]).
A dependência de nutrição8 suplementar progressiva foi mais comum (1,5% vs 0,5%; OR, 2,95 [IC 95%, 1,60-5,42]), a epilepsia13 progressiva foi menos comum (33,7% vs 40,6%; OR, 0,74 [IC 95%, 0,65-0,86]) e insuficiência respiratória7 progressiva (4,4% vs 3,3%; OR, 1,35 [IC 95%, 0,89-2,04]) e doença renal9 crônica progressiva (7,9% vs 9,2%; OR, 0,84 [IC 95%, 0,18-3,91]) foram semelhantes entre os sobreviventes de sepse1 versus não sepse1 internados em uma unidade de terapia intensiva6.
Nesta coorte11 nacional de crianças gravemente doentes que sobreviveram à sepse1, 1 em cada 5 desenvolveu ou teve progressão de uma condição de interesse após a hospitalização por sepse1, sugerindo que os sobreviventes de sepse1 pediátrica podem se beneficiar de um acompanhamento estruturado para identificar e tratar comorbidades2 médicas novas ou agravadas.
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Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 10 de outubro de 2022.