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Folículos capilares foram cultivados em laboratório, em um passo para o tratamento da perda de cabelo

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Folículos capilares1 maduros foram cultivados em laboratório pela primeira vez, em um movimento que poderia um dia tratar a perda de cabelo2.

Ao modificar as células3 embrionárias da pele4 de camundongos, os pesquisadores criaram folículos capilares1 que cresceram até 3 milímetros de comprimento ao longo de um mês, segundo relatado no estudo publicado na revista Science Advances.

A produção artificial de folículos capilares1 tem sido historicamente muito difícil, diz Kairbaan Hodivala-Dilke, da Queen Mary University of London, que não participou do estudo. “Diferentes tipos de células3 precisam de diferentes tipos de nutrientes e, quando estão fora do corpo, precisam de diferentes tipos de requisitos em comparação com quando estão no corpo”.

Entre os mamíferos, os folículos capilares1, ou pilosos, são tipicamente produzidos em embriões como resultado de interações entre as células3 da pele4 e o tecido conjuntivo5.

Para entender melhor essas interações, Junji Fukuda, da Universidade Nacional de Yokohama, no Japão, e seus colegas estudaram organoides de folículos capilares1 – versões minúsculas e simples de um órgão.

Saiba mais sobre "Queda de cabelo2", "Calvície6 feminina" e "Calvície6 masculina".

Ao controlar a estrutura dos organoides, a equipe conseguiu aumentar o crescimento do folículo7 capilar8.

“Examinamos várias condições, incluindo fatores de crescimento, ativadores e inibidores de vias de sinalização e componentes essenciais do meio de cultura”, diz Fukuda.

O principal avanço da equipe foi cultivar células3 embrionárias da pele4 de camundongos em um tipo especial de gel, que permitiu que as células3 fossem reprogramadas em folículos pilosos.

“Se você pensar em um folículo piloso9, ele tem o cabelo2 no meio e camadas de células3 epiteliais ao redor do folículo7 e outras células3 especializadas”, diz Hodivala-Dilke. O gel permite que essas células3 cresçam em laboratório de uma maneira que significa que elas podem escalar umas sobre as outras como fazem no corpo, diz ela.

Os folículos capilares1 cresceram por até um mês, atingindo até 3 milímetros de comprimento. “Isso provavelmente está relacionado ao fato de que o ciclo capilar8 dos camundongos é de cerca de um mês”, diz Fukuda.

A equipe agora está trabalhando para recriar o experimento usando células3 humanas.

De acordo com Hodivala-Dilke, folículos capilares1 humanos cultivados em laboratório poderiam um dia tratar a perda de cabelo2. “Você pode tirar o cabelo2 de alguém cujo cabelo2 é realmente exuberante e fazê-lo crescer no laboratório, e depois usar esses folículos para fazer um transplante”, diz ela. Os transplantes capilares1 existentes envolvem mover o cabelo2 de uma parte do corpo para uma área que está ficando rala ou careca, o que pode causar cicatrizes10.

“Esta descoberta não vai curar a perda de cabelo2, mas estabelece as bases para alguém potencialmente fazê-lo”, diz Hodivala-Dilke.

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem a reprogramação de microambientes tridimensionais para indução de folículo piloso9 in vitro.

Eles contextualizam que durante o desenvolvimento embrionário, interações recíprocas entre as camadas epidérmica e mesenquimal11 desencadeiam a morfogênese do folículo piloso9. Este estudo revelou que a reprogramação microambiental via controle sobre essas interações permitiu a indução do folículo piloso9 in vitro.

Uma abordagem chave é modular as distribuições espaciais de células3 epiteliais e mesenquimais12 em sua organização espontânea. Os folículos capilares1 criados do zero com características morfológicas típicas emergiram em agregados dos dois tipos de células3, denominados folicloides capilares1, e hastes capilares1 brotaram com eficiência próxima de 100% in vitro.

O comprimento da haste do cabelo2 atingiu ∼3 mm em cultura. As vias de sinalização tricogênica típicas foram reguladas positivamente em folicloides capilares1. Devido à replicação da morfogênese do folículo piloso9 in vitro, a produção e o transporte de melanossomas também foram monitorados na região do bulbo13 piloso.

Este modelo de folículo7 capilar8 in vitro pode ser valioso para entender melhor a indução do folículo7 capilar8, avaliando o crescimento capilar8 e a inibição do crescimento capilar8 por medicamentos e modelando cabelos grisalhos em um ambiente bem definido.

Leia sobre "Transplante capilar8", "A pele4 e seus anexos14" e "Células-tronco15".

 

Fontes:
Science Advances, Vol. 8, Nº 42, em 21 de outubro de 2022.
New Scientist, notícia publicada em 21 de outubro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Folículos capilares foram cultivados em laboratório, em um passo para o tratamento da perda de cabelo. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1428770/foliculos-capilares-foram-cultivados-em-laboratorio-em-um-passo-para-o-tratamento-da-perda-de-cabelo.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
2 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Tecido conjuntivo: Tecido que sustenta e conecta outros tecidos. Consiste de CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO inseridas em uma grande quantidade de MATRIZ EXTRACELULAR.
6 Calvície: Também chamada de alopécia androgenética é uma manifestação fisiológica que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, sendo que a herança genética pode vir do lado paterno ou materno. É resultado da estimulação dos folículos pilosos por hormônios masculinos que começam a ser produzidos na adolescência (testosterona). Ao atingir o couro cabeludo de pacientes com tendência genética para a calvície, a testosterona sofre a ação de uma enzima, a 5-alfa-redutase, e é transformada em diidrotestosterona (DHT). É a DHT que vai agir sobre os folículos pilosos promovendo a sua diminuição progressiva. O resultado final deste processo de diminuição e afinamento dos fios de cabelo é a calvície.
7 Folículo: 1. Bolsa, cavidade em forma de saco. 2. Fruto simples, seco e unicarpelar, cuja deiscência se dá pela sutura que pode conter uma ou mais sementes (Ex.: fruto da magnólia).
8 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
9 Folículo Piloso: Invaginação (forma de tubo) da EPIDERME, a partir da qual se desenvolve o folículo piloso e se abrem as GLÂNDULAS SEBÁCEAS. O folículo é revestido por uma bainha (radicular interna e externa) de células de origem epidérmica e revestido por uma bainha fibrosa originada da derme. (Tradução livre do original
10 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
11 Mesenquimal: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
12 Mesenquimais: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
13 Bulbo: Porção inferior do TRONCO ENCEFÁLICO. É inferior à PONTE e anterior ao CEREBELO. A medula oblonga serve como estação de retransmissão entre o encéfalo e o cordão espinhal, e contém centros que regulam as atividades respiratória, vasomotora, cardíaca e reflexa.
14 Anexos: 1. Que se anexa ou anexou, apenso. 2. Contíguo, adjacente, correlacionado. 3. Coisa ou parte que está ligada a outra considerada como principal. 4. Em anatomia geral, parte acessória de um órgão ou de uma estrutura principal. 5. Em informática, arquivo anexado a uma mensagem eletrônica.
15 Células-tronco: São células primárias encontradas em todos os organismos multicelulares que retêm a habilidade de se renovar por meio da divisão celular mitótica e podem se diferenciar em uma vasta gama de tipos de células especializadas.
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