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Tomar dois suplementos comuns na gravidez reduz o risco de crupe em crianças

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Tomar altas doses de vitamina1 D e óleo de peixe durante a gravidez2 reduziu o risco de crupe em crianças pequenas, mostrou um estudo controlado randomizado3 dinamarquês.

Entre mais de 600 grávidas, tomar óleo de peixe levou a uma redução de 38% no risco de crupe em crianças menores de 3 anos em comparação com placebo4, enquanto tomar altas doses de vitamina1 D levou a uma redução de 40% no risco de crupe versus a dose padrão de vitamina1 D, relatou Nicklas Brustad, MD, PhD, da Universidade de Copenhague na Dinamarca, durante a reunião da European Respiratory Society.

Leia sobre "Doenças respiratórias" e "Suplementos alimentares".

“Nossas descobertas sugerem que a vitamina1 D e o óleo de peixe podem ser benéficos contra a crupe infantil em doses suficientemente altas”, disse Brustad em um comunicado à imprensa. “Estes são suplementos relativamente baratos, o que significa que esta pode ser uma abordagem muito econômica para melhorar a saúde5 das crianças pequenas”.

“Não temos certeza dos mecanismos exatos por trás dos efeitos benéficos da vitamina1 D e do óleo de peixe, mas pode ser que eles possam estimular o sistema imunológico6 para ajudar bebês7 e crianças a eliminar infecções8 de forma mais eficaz”, acrescentou.

No entanto, não houve evidência de interação entre os suplementos. Os níveis de redução de risco foram semelhantes com ambos os suplementos, mas não houve efeito aditivo.

“Se você receber qualquer uma das intervenções de óleo de peixe ou vitamina1 D, você acaba tendo o mesmo risco para as crianças até os primeiros 3 anos de vida”, disse Brustad durante sua apresentação. “Então, isso aparentemente sugere um teto no efeito dessas duas intervenções.”

A crupe é um distúrbio respiratório prevalente na primeira infância, mais frequentemente causado por infecções8 pelo vírus9 da parainfluenza. Hoje, não existem estratégias preventivas e, portanto, buscou-se investigar os efeitos potenciais da suplementação10 pré-natal de micronutrientes11.

Em um ensaio clínico fatorial 2x2 randomizado3 e duplo-cego, investigou-se os efeitos da suplementação10 de 1) 2,4 gramas de LCPUFA n-3 versus azeite de oliva e 2) vitamina1 D em dose alta (2800 UI/dia) versus em dose padrão (400 UI/dia), desde a 24ª semana de gravidez2 até a 1ª semana após o nascimento, sobre o risco de crupe da prole até os 3 anos de idade em uma coorte12 mãe-filho incluindo 736 gestantes.

A crupe foi diagnosticada por médicos durante exames clínicos e checagem de prontuários. Os mecanismos de mediação potenciais foram investigados usando metabolômica sanguínea, citocinas13 das vias aéreas e microbioma14 das vias aéreas.

Um total de 97 de 695 crianças (14%) teve crupe antes dos 3 anos de idade. O risco de crupe foi reduzido no grupo de LCPUFA n-3 (casos/total = 38/346 [11%]) vs. o grupo de azeite (59/349 [17%]), razão de risco (HR) (IC 95%): 0,62 (0,41; 0,93), p = 0,02, e no grupo de alta dose de vitamina1 D (32/295 [11%]) versus o grupo de dose padrão (51/286 [18%]), HR: 0,60 (0,38; 0,93), p = 0,02.

Não houve evidência de interação entre os dois suplementos (p para interação = 0,56). Além disso, os resultados não mudaram ao ajustar para um ao outro, para sibilos persistentes e para infecção15 do trato respiratório inferior.

Este estudo é o primeiro a demonstrar os efeitos protetores da suplementação10 de LCPUFA n-3 e de altas doses de vitamina1 D durante a gravidez2 sobre o risco de crupe na primeira infância.

Veja também sobre "Deficiência da vitamina1 D" e "Benefícios do ômega 3 para a saúde5".

 

Fontes:
European Respiratory Society International Congress, em setembro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 09 de setembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Tomar dois suplementos comuns na gravidez reduz o risco de crupe em crianças. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1425380/tomar-dois-suplementos-comuns-na-gravidez-reduz-o-risco-de-crupe-em-criancas.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
7 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
8 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
9 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
10 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
11 Micronutrientes: No grupo dos micronutrientes estão as vitaminas e os minerais. Esses nutrientes estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades e são indispensáveis para o funcionamento adequado do nosso organismo. Exemplos: cálcio, ferro, sódio, etc.
12 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
13 Citocinas: Citoquina ou citocina é a designação genérica de certas substâncias segregadas por células do sistema imunitário que controlam as reações imunes do organismo.
14 Microbioma: Comunidade ecológica de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos que compartilham nosso espaço corporal. Microbioma humano é o conjunto de microrganismos que reside no corpo do Homo sapiens, mantendo uma relação simbiótica com o hospedeiro. O conceito vai além do termo microbiota, incluindo também a relação entre as células microbianas e as células e sistemas humanos, por meio de seus genomas, transcriptomas, proteomas e metabolomas.
15 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
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