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Cardiopatia atrial foi associada a risco 35% maior de demência

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Idosos com cardiopatia atrial, mesmo antes do desenvolvimento dos sintomas1, podem ter um risco até 35% maior de demência2, sugere uma nova pesquisa publicada no Journal of the American Heart Association.

“Nós sugerimos cautelosamente que uma compreensão dessa relação pode fornecer uma base para novas estratégias de intervenção para ajudar a impedir o desenvolvimento da demência2”, escreveram os autores.

A cardiopatia atrial, caracterizada por tamanho e função anormais do átrio esquerdo3, tem sido associada a um risco aumentado de acidente vascular cerebral4 e fibrilação atrial (FA), e porque tanto acidente vascular cerebral4 quanto FA estão associados a um risco aumentado de demência2, foi importante investigar se a cardiopatia atrial está ligada à demência2, afirmaram os autores.

Se esse fosse o caso, eles raciocinaram, a próxima questão seria se essa ligação é independente da FA e do AVC, e a nova pesquisa sugere que sim.

Leia sobre "Cardiopatias congênitas5" e "Demência2".

No artigo, eles contextualizam que a contribuição da cardiopatia atrial para o risco de demência2 é desconhecida. O objetivo, portanto, foi avaliar a associação de cardiopatia atrial com demência2 incidente6 e potencial mediação por fibrilação atrial (FA) e acidente vascular cerebral4.

Foi realizada uma análise prospectiva de coorte7 de participantes do estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities) na visita 5 (2011-2013). Usou-se a regressão de Cox para determinar a associação entre cardiopatia atrial e risco de demência2. Métodos de modelagem de equações estruturais foram usados para determinar a mediação potencial por FA e/ou acidente vascular cerebral4.

A cardiopatia atrial foi definida se ≥1 dos seguintes fatores foram observados na visita 5:

  • força terminal da onda P >5000 mV·ms na derivação V1 do ECG;
  • NT‐proBNP (N‐terminal pró‐peptídeo natriurético cerebral) >250 pg/mL;
  • ou índice de volume do átrio esquerdo3 ≥34 mL/m² pelo ecocardiograma8 transtorácico.

Repetiu-se a análise necessitando de ≥2 marcadores para definir cardiopatia atrial.

A prevalência9 de cardiopatia atrial foi de 34% nos 5.078 participantes (idade média de 75 anos, 59% do sexo feminino, 21% dos adultos negros), com 763 participantes desenvolvendo demência2.

A cardiopatia atrial foi significativamente associada à demência2 (HR ajustada, 1,35 [IC 95%, 1,16-1,58]), com fortalecimento da estimativa de efeito quando foram necessários ≥2 biomarcadores (HR ajustada, 1,54 [IC 95%, 1,25-1,89]).

Houve um risco aumentado de demência2 entre aqueles com cardiopatia atrial ao excluir aqueles com FA (HR ajustada, 1,31 [IC 95%, 1,12-1,55]) ou acidente vascular cerebral4 (HR ajustada, 1,28 [IC 95%, 1,09-1,52]). A proporção do efeito mediado por FA foi de 4% (P = 0,005), e 9% foi mediado por acidente vascular cerebral4 (P = 0,048).

O estudo concluiu que a cardiopatia atrial foi significativamente associada a um risco aumentado de demência2, com apenas uma pequena porcentagem de mediação do efeito por fibrilação atrial ou acidente vascular cerebral4.

Saiba mais sobre "Fibrilação atrial" e "Acidente Vascular Cerebral4".

 

Fontes:
Journal of the American Heart Association, Vol. 11, Nº 16, em agosto de 2022.
Medscape, notícia publicada em 19 de agosto de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Cardiopatia atrial foi associada a risco 35% maior de demência. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1424540/cardiopatia-atrial-foi-associada-a-risco-35-maior-de-demencia.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
3 Átrio Esquerdo: Câmaras do coração às quais o SANGUE circulante retorna.
4 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
5 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
6 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
7 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
8 Ecocardiograma: Método diagnóstico não invasivo que permite visualizar a morfologia e o funcionamento cardíaco, através da emissão e captação de ultra-sons.
9 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
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