Medicamentos inibidores do SRAA para hipertensão podem proteger contra rupturas de aneurismas cerebrais
As chances de ruptura de aneurismas intracranianos foram menores em pessoas que tomavam inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) para hipertensão1, mostrou um estudo chinês publicado na revista científica Hypertension.
Em um banco de dados multicêntrico com mais de 3.000 pessoas com esses aneurismas registradas entre 2016-2021, as taxas de ruptura atingiram 23,4% em usuários de inibidores do SRAA e 76,6% em não usuários.
O uso de inibidores do SRAA foi associado a um risco significativamente reduzido de ruptura de aneurisma2 intracraniano, e isso se aplicou aos inibidores da enzima3 conversora de angiotensina (ECA) e aos bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) igualmente.
A diminuição do risco de ruptura associado aos inibidores do SRAA persistiu nos subgrupos por idade, sexo, IMC4, controle da hipertensão1, monoterapia e terapia combinada5 e localização e tamanho dos aneurismas intracranianos.
Leia sobre "Aneurisma2 cerebral" e "Mecanismos de ação dos anti-hipertensivos".
Os pesquisadores destacaram a relativa segurança e acessibilidade dos inibidores do SRAA e sugeriram que um estudo randomizado6 fosse realizado para confirmar se esses medicamentos protegem contra a ruptura do aneurisma2.
No artigo publicado, eles buscaram avaliar o efeito dos inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona no risco de ruptura em pacientes hipertensos com aneurismas intracranianos.
Segundo os pesquisadores, evidências experimentais crescentes apoiam o conceito de que o SRAA (sistema renina-angiotensina-aldosterona) está envolvido na patogênese7 da ruptura de aneurisma2 intracraniano. No entanto, se os inibidores do SRAA podem reduzir o risco de ruptura de aneurismas intracranianos ainda não está claro.
Eles realizaram então uma revisão de prontuários de um banco de dados multicêntrico, prospectivamente mantido, de 3.044 pacientes hipertensos com aneurismas intracranianos de 20 centros médicos na China.
Os pacientes foram separados em grupos de rompidos e não rompidos. Análises de regressão logística univariada e multivariada foram realizadas para determinar a associação entre o uso de inibidores do SRAA e o risco de ruptura. Análises de sensibilidade e análises de subgrupos foram realizadas para verificar a robustez dos resultados.
Nas análises multivariáveis, sexo feminino, tabagismo passivo, hipertensão1 não controlada ou não monitorada, uso de mais de 2 medicamentos anti-hipertensivos, uso de inibidores do SRAA, uso de agentes anti-hiperglicêmicos, hiperlipidemia8, acidente vascular cerebral9 isquêmico10 e localização do aneurisma2 foram independentemente associados ao risco de ruptura.
O uso de inibidores do SRAA foi significativamente associado a um risco reduzido de ruptura em comparação com o uso de não inibidores do SRAA (odds ratio, 0,490 [IC 95%, 0,402-0,597]; P = 0,000).
Comparado com o uso de não inibidores do SRAA, o uso de inibidores da ECA (enzima3 conversora da angiotensina; odds ratio, 0,559 [IC 95%, 0,442-0,709]; P = 0,000) e o uso de BRAs (bloqueadores dos receptores da angiotensina; odds ratio, 0,414 [IC 95%, 0,315-0,542]; P = 0,000) foram significativamente associados a um risco reduzido de ruptura.
A associação negativa do risco de ruptura com inibidores do SRAA foi consistente em 3 dados analisados e nos subgrupos predefinidos (incluindo hipertensão1 controlada).
O estudo concluiu que o uso de inibidores do SRAA foi significativamente associado à diminuição do risco de ruptura independente do controle da pressão arterial11 em pacientes hipertensos com aneurismas intracranianos.
Veja também sobre "Rompimento de um vaso sanguíneo" e "Hemorragia subaracnoidea12".
Fontes:
Hypertension, Vol. 79, Nº 7, em junho de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 06 de junho de 2022.