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Perfil peptidômico do líquido cefalorraquidiano pode ajudar no diagnóstico de pacientes com aneurismas saculares intracranianos

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Uma pesquisa com participação da Faculdade de Medicina (FMUSP) e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP abre caminhos para o uso de uma nova forma de diagnosticar aneurismas cerebrais. Os cientistas descobriram, em um líquido existente no cérebro1, peptídeos (moléculas derivadas de proteínas2) que aparecem somente em pacientes que tiveram ruptura das artérias3 causada por aneurisma4 ou em casos de ruptura tardia. As características específicas desses peptídeos podem servir como marcadores da condição do paciente, aprimorando o diagnóstico5 e ajudando os médicos a definir estratégias para o tratamento da doença.

Leia sobre "Aneurismas - o que saber sobre eles" e "Aneurisma4 cerebral".

Destaques da pesquisa

  • Os aneurismas saculares intracranianos (ASI) representam 90 - 95% de todos os casos de aneurismas intracranianos.
  • A peptidômica do líquido cefalorraquidiano6 de onze pacientes com ASI foi realizada.
  • 484 peptídeos exclusivos de 75 proteínas2 foram identificados.
  • Várias diferenças significativas entre os peptídeos foram encontradas em pacientes com ASI.
  • As diferenças nos peptídeos podem ser usadas para diagnóstico5 e tratamento de pacientes com ASI.

Aneurismas intracranianos (AIs) são dilatações arteriais que ocorrem devido à fraqueza na camada média da parede arterial. Devido à falta de sintomas7, os AIs geralmente são encontrados acidentalmente quando ocorre a ruptura. O mecanismo que causa o vasoespasmo não é completamente compreendido.

Os aneurismas saculares intracranianos (ASI) representam 90% - 95% de todos os casos de aneurismas intracranianos, caracterizando bolsas anormais em pontos de ramos arteriais. As rupturas levam a hemorragias8 subaracnóideas (HSA) e mau prognóstico9.

Nesta pesquisa, publicada na revista Journal of Proteomics, aplicou-se a peptidômica baseada em espectrometria de massa para investigar o peptídeoma de doze amostras de líquido cefalorraquidiano6 (LCR) coletadas de onze pacientes com diagnóstico5 de ASI.

Para análises de perfil de peptídeo, os participantes foram classificados em: 1) aneurismas saculares intracranianos rompidos (AIR), 2) aneurismas saculares intracranianos não rompidos (AIN) e aneurismas saculares intracranianos rompidos tardiamente (AIRT).

Ao todo, um total de 2.199 peptídeos foram detectados pelos softwares Mascot e Peaks, dos quais 484 (22,0%) eram peptídeos únicos. Todos os peptídeos únicos apresentaram cadeias conservadas, domínios, regiões de modulação de proteínas2 e/ou locais de modificação pós-tradução relacionados a doenças humanas.

Análises de Ontologia Genética (OG) de proteínas2 precursoras de peptídeos mostraram que 42% estão envolvidos na ligação, 56% em entidades anatômicas celulares e 39% em moléculas de sinalização intercelular.

Peptídeos únicos identificados em pacientes com diagnóstico5 de AIR têm um peso molecular maior e um processo de desenvolvimento distinto em comparação com AIN e AIRT (P ≤ 0,05).

Esses resultados sugerem peptídeos como novos marcadores de aneurismas saculares intracranianos. As investigações contínuas permitirão a caracterização do significado biológico e clínico dos peptídeos identificados no presente estudo, bem como a identificação de protótipos para terapias farmacológicas baseadas em peptídeos para o tratamento de aneurismas saculares intracranianos.

Veja também sobre "Líquor10 - o que pode revelar sua análise", "Doenças das artérias3" e "Hemorragias8".

 

Fontes:
Journal of Proteomics, Vol. 240, em 30 de maio de 2021.
Jornal da USP, notícia publicada em 06 de maio de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Perfil peptidômico do líquido cefalorraquidiano pode ajudar no diagnóstico de pacientes com aneurismas saculares intracranianos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1395165/perfil-peptidomico-do-liquido-cefalorraquidiano-pode-ajudar-no-diagnostico-de-pacientes-com-aneurismas-saculares-intracranianos.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
4 Aneurisma: Alargamento anormal da luz de um vaso sangüíneo. Pode ser produzida por uma alteração congênita na parede do mesmo ou por efeito de diferentes doenças (hipertensão, aterosclerose, traumatismo arterial, doença de Marfán, etc.).
5 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
6 Líquido cefalorraquidiano: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
9 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
10 Líquor: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
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