Efeito dos anti-hipertensivos na doença de pequenos vasos cerebrais varia de acordo com a classe da medicação
O tratamento da hipertensão arterial1 não controlada reduz o risco de progressão da doença de pequenos vasos cerebrais (DPVC), embora não esteja claro se essa redução ocorre devido ao controle da pressão arterial2 ou a efeitos pleiotrópicos específicos da classe, como melhora da variabilidade da pressão arterial2 batimento-a-batimento com bloqueadores dos canais de cálcio.
O objetivo deste estudo, publicado no periódico científico Stroke, foi investigar a influência da classe de medicação anti-hipertensiva, particularmente com bloqueadores dos canais de cálcio, no acúmulo de hiperintensidades da substância branca (HSB), um marcador radiográfico da DPVC, em uma coorte3 com hipertensão4 bem controlada.
Saiba mais sobre "Mecanismos de ação dos anti-hipertensivos" e "Sintomas5 da hipertensão arterial1".
Os pesquisadores completaram uma análise de coorte3 observacional do estudo SPRINT-MIND (Systolic Blood Pressure Trial Memory and Cognition in Decreased Hypertension), um grande estudo controlado randomizado6 de participantes que completaram uma imagem de ressonância magnética7 cerebral com dados volumétricos de HSB na linha de base e uma em 4 anos de acompanhamento.
Os dados da medicação anti-hipertensiva foram registrados nas consultas de acompanhamento entre as imagens de ressonância magnética7. Uma porcentagem do tempo de acompanhamento em que os participantes foram prescritos cada uma das 11 classes de anti-hipertensivos foi então derivada.
A progressão da DPVC foi calculada como a diferença no volume de HSB entre as 2 varreduras e, para abordar a distorção, foi dicotomizada em um tercil superior da distribuição em comparação com o restante.
Entre 448 indivíduos, os perfis de risco vascular8 foram semelhantes em todos os subgrupos de progressão de HSB, exceto idade (70,1 ± 7,9 versus 65,7 ± 7,3 anos; P<0,001) e pressão arterial2 sistólica (128,3 ± 11,0 versus 126,2 ± 9,4 mmHg; P = 0,039).
Setenta e dois (48,3%) indivíduos da coorte3 do tercil superior e 177 (59,2%) da coorte3 restante estavam no braço de pressão arterial2 intensiva. Aqueles dentro do tercil superior de progressão tiveram uma progressão média de HSB de 4,7 ± 4,3 mL em comparação com 0,13 ± 1,0 mL (P <0,001).
Uso de inibidores da enzima9 conversora de angiotensina (odds ratio, 0,36 [IC 95%, 0,16-0,79]; P = 0,011) e de bloqueadores dos canais de cálcio diidropiridínicos (odds ratio, 0,39 [IC 95%, 0,19-0,80]; P = 0,011) foi associado a uma menor progressão de HSB, embora os bloqueadores dos canais de cálcio diidropiridínicos tenham perdido significância quando a HSB foi tratada como uma variável contínua.
O estudo concluiu que, entre os participantes do estudo SPRINT-MIND, o inibidor da enzima9 conversora de angiotensina foi mais consistentemente associado a uma menor progressão de hiperintensidades da substância branca independente do controle da pressão arterial2 e da idade.
Leia sobre "O que vem a ser pressão arterial2" e "Leucodistrofia10 - uma desordem da substância branca do cérebro11".
Fonte: Stroke, publicação em 04 de maio de 2022.