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Progesterona vaginal deve ser o tratamento de escolha para prevenir o parto prematuro espontâneo em mulheres de alto risco

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Um novo estudo, publicado pelo The British Medical Journal, buscou comparar a eficácia de diferentes intervenções para prevenir parto prematuro espontâneo em mulheres com gravidez1 única e história de parto prematuro espontâneo ou colo2 curto.

As intervenções comparadas foram:

  • repouso no leito;
  • cerclagem cervical (McDonald, Shirodkar ou tipo não especificado de cerclagem);
  • pessário cervical;
  • óleos de peixe ou ácidos graxos ômega;
  • suplementos nutricionais (zinco);
  • progesterona (intramuscular, oral ou vaginal);
  • antibióticos profiláticos;
  • tocolíticos3 profiláticos;
  • combinações de intervenções;
  • placebo4 ou nenhum tratamento (controle).
Saiba mais sobre "O que é parto prematuro" e "Perda gestacional recorrente - quando a cerclagem precisa ser feita para evitá-la".

Foi realizada uma revisão sistemática com metanálise de rede bayesiana utilizando dados dos bancos de dados The Cochrane Pregnancy and Childbirth Group’s Database of Trials, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Medline, Embase, CINAHL, de periódicos relevantes, de anais de conferências e de registros de ensaios em andamento.

Foram selecionados ensaios controlados randomizados de mulheres grávidas que estavam em alto risco de parto prematuro espontâneo devido a uma história de parto prematuro espontâneo ou comprimento do colo do útero5 curto. Nenhuma restrição de idioma ou data foi aplicada.

Sete desfechos maternos e 11 desfechos fetais foram analisados de acordo com os principais desfechos publicados para pesquisas sobre parto prematuro. Os efeitos relativos do tratamento (razões de chances e intervalos de credibilidade de 95%) e a certeza da evidência são apresentados para resultados de parto prematuro de <34 semanas e morte perinatal.

Sessenta e um estudos (17.273 mulheres grávidas) contribuíram com dados para a análise de pelo menos um desfecho. Para parto prematuro de <34 semanas (40 ensaios, 13.310 mulheres grávidas) e com placebo4 ou nenhum tratamento como comparador, a progesterona vaginal foi associada a menos mulheres com parto prematuro de <34 semanas (razões de chances 0,50, intervalo de credibilidade de 95% 0,34 a 0,70, alta certeza de evidência).

A cerclagem de Shirodkar mostrou o maior tamanho de efeito (0,06, 0,00 a 0,84), mas a certeza da evidência foi baixa.

17OHPC (caproato de 17α-hidroxiprogesterona; 0,68, 0,43 a 1,02, certeza moderada), pessário vaginal (0,65, 0,39 a 1,08, certeza moderada) e óleo de peixe ou ômega 3 (0,30, 0,06 a 1,23, certeza moderada) também podem reduzir o parto prematuro de <34 semanas em comparação com placebo4 ou nenhum tratamento.

Para o desfecho fetal de morte perinatal (30 ensaios, 12.119 gestantes) e com placebo4 ou nenhum tratamento como comparador, a progesterona vaginal foi o único tratamento que mostrou evidência clara de benefício para este desfecho (0,66, 0,44 a 0,97, certeza moderada).

17OHPC (0,78, 0,50 a 1,21, certeza moderada), cerclagem de McDonald (0,59, 0,33 a 1,03, certeza moderada) e cerclagem não especificada (0,77, 0,53 a 1,11, certeza moderada) podem reduzir as taxas de mortalidade6 perinatal, mas os intervalos de credibilidade não podem excluir a possibilidade de dano.

Apenas os tratamentos com progesterona estão associados à redução da síndrome7 do desconforto respiratório neonatal, sepse8 neonatal, enterocolite necrosante9 e internação em unidade de terapia intensiva10 neonatal em comparação com os controles.

O estudo concluiu, portanto, que a progesterona vaginal deve ser considerada o tratamento preventivo11 de escolha para mulheres com gravidez1 única identificadas como em risco de parto prematuro espontâneo devido a história de parto prematuro espontâneo ou colo2 curto.

Futuros ensaios clínicos12 randomizados devem usar a progesterona vaginal como comparador para identificar melhores tratamentos ou tratamentos combinados.

Leia sobre "Gravidez1 de risco: quando pode ocorrer", "Entendendo a prematuridade" e "Gestação semana a semana".

 

Fonte: The British Medical Journal, publicação em 15 de fevereiro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Progesterona vaginal deve ser o tratamento de escolha para prevenir o parto prematuro espontâneo em mulheres de alto risco. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1410775/progesterona-vaginal-deve-ser-o-tratamento-de-escolha-para-prevenir-o-parto-prematuro-espontaneo-em-mulheres-de-alto-risco.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
3 Tocolíticos: Medicação usada para suprimir o trabalho de parto prematuro, pois inibem as contrações uterinas.
4 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
5 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
6 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
7 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
8 Sepse: Infecção produzida por um germe capaz de provocar uma resposta inflamatória em todo o organismo. Os sintomas associados a sepse são febre, hipotermia, taquicardia, taquipnéia e elevação na contagem de glóbulos brancos. Pode levar à morte, se não tratada a tempo e corretamente.
9 Necrosante: Que necrosa ou que sofre gangrena; que provoca necrose, necrotizante.
10 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
11 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
12 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
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