Betabloqueadores não seletivos podem melhorar os resultados no câncer de ovário
Mulheres com doenças cardiovasculares1 (DCVs) e câncer2 de ovário3 tiveram melhor sobrevida4 em 2 anos se receberam um betabloqueador não seletivo (BBNS) no momento ou próximo à cirurgia do câncer2, mostrou uma revisão de prontuários médicos publicada no Journal of Clinical Oncology.
A sobrevida4 pós-operatória de dois anos foi de 80% nas pacientes que receberam BBNS versus 69% para aquelas que não receberam BBNS. A diferença representou uma redução de 53% na taxa de risco para mortalidade5 por todas as causas. O subgrupo de BBNS também teve melhor sobrevida4 específica do câncer2. O benefício de sobrevida4 não era mais aparente em 8 anos.
Os efeitos benéficos na sobrevida4 global e sobrevida4 específica do câncer2 não se aplicaram a mulheres que receberam betabloqueadores cardiosseletivos (BBS), relataram Susan J. Jordan, PhD, da Escola de Saúde6 Pública da Universidade de Queensland em Herston, Austrália, e colegas.
“Nossa descoberta de que o fornecimento de BBNS no momento da primeira cirurgia citorredutora para câncer2 de ovário3 epitelial está associado a uma vantagem de sobrevida4 em mulheres com 50 anos ou mais com histórico de DCVs foi consistente e clinicamente relevante”, escreveram os autores. “Dois ensaios piloto prospectivos investigando BBNS (propranolol) perioperatório no câncer2 de ovário3, embora pequenos, mostraram resultados promissores. Grandes ensaios clínicos7 são urgentemente necessários, não apenas para melhorar os resultados de sobrevivência8, mas também para reduzir a demanda de serviços de saúde6.”
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E eles alertaram que “o redirecionamento de medicamentos seguros e baratos, como o propranolol, é dificultado pela falta de incentivo financeiro imediato para a indústria privada realizar um grande ensaio clínico randomizado9, portanto, uma abordagem colaborativa conjunta entre governos, pesquisadores e financiadores provavelmente será necessária.”
No artigo, os pesquisadores contextualizam que a cirurgia para câncer2 de ovário3 epitelial (COE) pode ativar respostas inflamatórias de estresse que estimulam o crescimento tumoral e aumentam o crescimento metastático.
Estudos em animais e in vitro mostraram que a inibição da resposta inflamatória induzida por catecolaminas via bloqueio do receptor beta-adrenérgico10 tem potencial antitumoral no COE. No entanto, estudos observacionais relataram resultados mistos.
Neste grande estudo populacional, foi avaliado se o uso de betabloqueador (BB) no momento da cirurgia primária de câncer2 de ovário3 estava associado à melhora da sobrevida4.
Usando dados administrativos vinculados, uma coorte11 de base populacional de 3.844 mulheres australianas com 50 anos ou mais com histórico de doenças cardiovasculares1 que foram submetidas à cirurgia para COE foi acompanhada para resultados de sobrevida4.
O efeito médio do tratamento do fornecimento de BB seletivo (BBS) e BB não seletivo (BBNS) no momento da cirurgia na sobrevida4 foi estimado a partir de uma perspectiva de inferência causal usando probabilidade inversa balanceada de covariáveis de pesos de tratamento com modelos de sobrevida4 paramétricos flexíveis que permitiram efeitos de sobrevivência8 que variam no tempo.
Próximo ao momento da cirurgia, 560 (14,5%) mulheres receberam um BBS e 67 (1,7%) receberam um BBNS. Aos 2 anos pós-cirurgia, a proporção de sobrevida4 foi de 80% (IC 95%, 68 a 88) para mulheres que receberam BBNSs na cirurgia em comparação com 69% (IC 95%, 67 a 70) para mulheres que não receberam BBNSs.
A vantagem de sobrevivência8 parecia estender-se a pelo menos 8 anos após a cirurgia. Nenhuma associação foi observada para as mulheres que receberam um BBS na época da cirurgia.
O estudo concluiu que o fornecimento perioperatório de um betabloqueador não seletivo pareceu conferir uma vantagem de sobrevida4 para mulheres com idade superior a 50 anos com histórico de doenças cardiovasculares1. Ensaios clínicos7 de longo prazo são necessários para confirmar esses achados.
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Fontes:
Journal of Clinical Oncology, publicação em 24 de agosto de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 30 de agosto de 2022.