Sintomas de fibrilação atrial têm maior probabilidade de não serem relatados ou reconhecidos no diabetes
Uma análise recente de dados do estudo Swiss-AF descobriu que pacientes com diabetes1 tinham cerca de 26% menos probabilidade de notar sintomas2 de fibrilação atrial e mais probabilidade de ter mais comorbidades3 do que pacientes sem diabetes1.
Os resultados da análise, que incluiu dados de mais de 2.400 pacientes, fornecem aos médicos uma visão4 sobre a menor probabilidade de relatar arritmias5, bem como a prevalência6 de comorbidades3 cardiovasculares e neurológicas entre esses pacientes. O estudo foi publicado no Journal of the American Heart Association.
“Como o diabetes1 é um dos principais fatores de risco para fibrilação atrial, nossa equipe investigou se os pacientes com e sem diabetes1 diferem em termos de sintomas2 e complicações da fibrilação atrial”, disse o autor do estudo, Tobias Reichlin, MD, professor de cardiologia do Hospital Universitário de Berna, Universidade de Berna, na Suíça, em comunicado. “Esta pesquisa pode fornecer informações sobre como melhorar o manejo da fibrilação atrial e a prevenção de suas complicações”.
Leia sobre "Doenças cardiovasculares7", "Fibrilação atrial: o que é" e "Arritmia8 cardíaca".
O diabetes1 é um importante fator de risco9 para fibrilação atrial (FA). No entanto, ainda não está claro se o fenótipo10 individual de FA e as comorbidades3 relacionadas diferem entre os pacientes que têm FA com e sem diabetes1. Este estudo investigou a associação de diabetes1 com fenótipo10 de FA e comorbidades3 cardíacas e neurológicas em pacientes com FA documentada.
Os participantes do estudo multicêntrico Swiss‐AF (Swiss Atrial Fibrillation) com dados sobre diabetes1 e fenótipo10 de FA eram elegíveis. Os desfechos primários foram parâmetros do fenótipo10 de FA, incluindo tipo de FA, sintomas2 de FA e qualidade de vida (avaliados pelo Questionário Europeu de Qualidade de Vida ‐ 5 Dimensões [EQ‐5D]). Os desfechos secundários foram comorbidades3 cardíacas (ou seja, história de hipertensão11, infarto do miocárdio12 e insuficiência cardíaca13) e neurológicas (ou seja, história de acidente vascular cerebral14 e comprometimento cognitivo15).
A associação transversal do diabetes1 com esses desfechos foi avaliada por meio de regressão logística e linear, ajustada para idade, sexo e fatores de risco cardiovascular. Foram incluídos 2.411 pacientes com FA (27,4% mulheres; idade mediana, 73,6 anos).
O diabetes1 não foi associado à FA não paroxística (odds ratio [OR], 1,01; IC 95%, 0,81-1,27). Pacientes com diabetes1 perceberam sintomas2 de FA com menos frequência (OR, 0,74; IC 95%, 0,59-0,92), mas tiveram pior qualidade de vida (β = -4,54; IC 95%, -6,40 a -2,68) do que aqueles sem diabetes1.
Pacientes com diabetes1 eram mais propensos a ter comorbidades3 cardíacas (hipertensão11 [OR, 3,04; IC 95%, 2,19-4,22], infarto do miocárdio12 [OR, 1,55; IC 95%, 1,18-2,03], insuficiência cardíaca13 [OR, 1,99; IC 95%, 1,57-2,51]) e neurológicas (acidente vascular cerebral14 [OR, 1,39, IC 95%, 1,03-1,87], comprometimento cognitivo15 [OR, 1,75, IC 95%, 1,39-2,21]).
O estudo concluiu que pacientes que têm fibrilação atrial com diabetes1 percebem menos frequentemente os sintomas2 de fibrilação atrial, mas têm pior qualidade de vida e mais comorbidades3 cardíacas e neurológicas do que aqueles sem diabetes1.
Isso levanta a questão de saber se os pacientes com diabetes1 devem ser sistematicamente rastreados para fibrilação atrial silenciosa.
Veja também sobre "Complicações do diabetes16 mellitus" e "Sete passos para um coração17 saudável".
Fontes:
Journal of the American Heart Association, Vol. 10, Nº 22, em 16 de novembro de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 23 de novembro de 2021.