Exame de sangue distingue o Alzheimer de outras demências com alta precisão
Dados de um estudo retrospectivo1, publicado no The Lancet Neurology, mostram que a proteína tau fosforilada (p-tau) plasmática deu mais um passo em direção ao uso clínico.
Dois marcadores sanguíneos, tau fosforilada 217 (p-tau217) e tau fosforilada 181 (p-tau181), mostraram fortes desempenhos diagnósticos para a doença de Alzheimer2 e discriminaram o Alzheimer3 das síndromes de degeneração4 lobar frontotemporal (DLFT) e cognição5 normal.
Ambos os biomarcadores plasmáticos distinguiram as síndromes da doença de Alzheimer2 de outros distúrbios não-Alzheimer3 com uma área sob a curva (AUC6) característica de operação do receptor maior que 0,90, relatou Adam Boxer, MD, PhD, da University of California San Francisco (UCSF), e colegas, no artigo publicado.
“Isso confirma e estende o nosso trabalho anterior e de outros, mostrando a sensibilidade e especificidade requintadas de novos exames de sangue7 para a doença de Alzheimer2 em oposição a outras demências”, disse Boxer em entrevista ao MedPage Today.
Nos últimos 5 anos, muitas pesquisas se concentraram no sangue7 como uma nova matriz para biomarcadores de Alzheimer3 que já haviam sido validados no líquido cefalorraquidiano8, observou Lucilla Parnetti, MD, PhD, da Universidade de Perugia, na Itália, e colegas, em um editorial anexo9.
“Este estudo contribui substancialmente para a pesquisa de biomarcadores sanguíneos para a investigação diagnóstica de doenças neurodegenerativas que levam à demência10, ao confirmar o potencial da p-tau181 e p-tau217 plasmáticas para o diagnóstico11 diferencial”, escreveram os editorialistas.
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No artigo, os pesquisadores descrevem como a tau fosforilada na treonina 217 (p-tau217) plasmática e a tau fosforilada na treonina 181 (p-tau181) plasmática estão associadas à patologia13 tau da doença de Alzheimer2. Eles então compararam o valor diagnóstico11 de ambos os biomarcadores em participantes sem comprometimento cognitivo14 e pacientes com diagnóstico11 clínico de comprometimento cognitivo14 leve, síndromes da doença de Alzheimer2 ou síndromes de degeneração4 lobar frontotemporal (DLFT).
No estudo retrospectivo1 de desempenho diagnóstico11 de multicoorte, analisou-se amostras de plasma15, obtidas de pacientes com idades entre 18-99 anos de idade que foram diagnosticados com síndromes da doença de Alzheimer2 (demência10 da doença de Alzheimer2, afasia16 progressiva primária de variante logopênica ou atrofia17 cortical posterior), síndromes de DLFT (síndrome18 corticobasal, paralisia19 supranuclear progressiva, demência10 frontotemporal de variante comportamental, afasia16 progressiva primária de variante não fluente ou afasia16 progressiva primária de variante semântica) ou comprometimento cognitivo14 leve; os participantes eram do Centro de Envelhecimento e Memória da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), em São Francisco, CA, EUA, e do Consórcio Avançado de Pesquisa e Tratamento para Degeneração4 Lobar Frontotemporal (ARTFL; 17 locais nos EUA e dois no Canadá).
Os participantes de ambas as coortes foram cuidadosamente caracterizados, incluindo avaliações de p-tau181 no líquido cefalorraquidiano8, PET scan para amiloide ou tau (ou ambos) e avaliações clínicas e cognitivas.
A p-tau181 e p-tau217 plasmáticas foram medidas usando ensaios baseados em eletroquimioluminescência, que diferiram apenas na especificidade do epítopo do anticorpo20 biotinilado. Análises de características operacionais do receptor foram usadas para determinar a precisão diagnóstica de ambos os marcadores plasmáticos usando diagnóstico11 clínico, achados neuropatológicos e medidas de amiloide e tau no exame PET como padrões-ouro. A diferença entre as análises de duas áreas sob a curva (AUC6) foi testada com o teste de Delong.
Os dados foram coletados de 593 participantes (443 da UCSF e 150 do ARTFL, idade média de 64 anos [DP 13], 294 [50%] mulheres) entre 1 de julho e 30 de novembro de 2020.
P-tau217 e p-tau181 plasmáticas foram correlacionadas (r = 0,90, p <0,0001). Ambas as concentrações de p-tau217 e p-tau181 foram aumentadas em pessoas com síndromes da doença de Alzheimer2 (n = 75, idade média de 65 anos [DP 10]) em relação aos controles cognitivamente não afetados (n = 118, idade média de 61 anos [DP 18]; AUC6 = 0,98 [IC 95% 0,95-1,00] para p-tau217, AUC6 = 0,97 [0,94-0,99] para p-tau181; p da diferença = 0,31) e na doença de Alzheimer2 patologicamente confirmada (n = 15, idade média de 73 anos [DP 12]) versus DLFT patologicamente confirmada (n = 68, idade média de 67 anos [DP 8]; AUC6 = 0,96 [0,92-1,00] para p-tau217, AUC6 = 0,91 [0,82-1,00] para p-tau181; p da diferença = 0,22).
A p-tau217 superou a p-tau181 na diferenciação de pacientes com síndromes da doença de Alzheimer2 (n = 75) daqueles com síndromes de DLFT (n = 274, idade média de 67 anos [DP 9]; AUC6 = 0,93 [0,91-0,96] para p-tau217, AUC6 = 0,91 [0,88-0,94] para p-tau181; p da diferença = 0,01).
A p-tau217 foi um indicador mais forte de positividade para amiloide no exame PET (n = 146, AUC6 = 0,91 [0,88-0,94]) do que a p-tau181 (n = 214, AUC6 = 0,89 [0,86-0,93]; p da diferença = 0,049).
A ligação de tau no córtex temporal avaliada por exame PET foi mais fortemente associada com p-tau217 do que p-tau181 (r = 0,80 vs r = 0,72; p da diferença <0,0001, n = 230).
O estudo concluiu que tanto a p-tau217 quanto a p-tau181 tiveram excelente desempenho diagnóstico11 para diferenciar pacientes com síndromes da doença de Alzheimer2 de outras doenças neurodegenerativas.
Houve alguma evidência a favor da p-tau217 em comparação com p-tau181 para o diagnóstico11 diferencial de síndromes da doença de Alzheimer2 versus síndromes de degeneração4 lobar frontotemporal, como uma indicação de positividade para amiloide no PET e para correlações mais fortes com o sinal21 de tau no PET.
Pendente replicação em coortes independentes, diversas e mais velhas, a p-tau217 e a p-tau181 plasmáticas podem ser ferramentas de triagem úteis para identificar indivíduos com amiloide subjacente e patologia13 tau da doença de Alzheimer2.
Leia sobre "Demência10 frontotemporal", "Distúrbio neurocognitivo" e "Diferenças entre Neurologia e Psiquiatria".
Fontes:
The Lancet Neurology, Vol. 20, Nº 9, em 01 de setembro de 2021.
MedPage Today, notícia publicada em 23 de agosto de 2021.