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O comprometimento do neurodesenvolvimento aos 2 anos de idade prevê apenas fracamente o neurodesenvolvimento aos 10 anos para crianças nascidas extremamente prematuras

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O cuidado baseado em evidências de bebês1 extremamente prematuros (<28 semanas de gestação) depende fortemente de pesquisas em que um resultado primário é o comprometimento do neurodesenvolvimento (CND) infantil, mas não está claro o quão bem o CND na infância prediz o CND de longo prazo.

Neste estudo, publicado pela revista Pediatrics, buscou-se avaliar a relação entre o neurodesenvolvimento de 2 e 10 anos usando uma definição bem conhecida de 2 anos e uma definição de 10 anos desenvolvida por um painel de especialistas.

Usando dados da coorte2 de estudo para recém-nascidos com idade gestacional extremamente baixa, classificou-se o CND de 2 anos usando definições desenvolvidas pela Rede de Pesquisa Neonatal do Instituto Nacional de Saúde3 Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver. Classificou-se o CND de 10 anos usando definições desenvolvidas por um painel de especialistas, que adicionou epilepsia4 e transtorno do espectro autista aos 10 anos.

De 1.506 crianças, 80% sobreviveram. Dados suficientes para classificar a gravidade do CND aos 2 e 10 anos estavam disponíveis para 67% dos sobreviventes (n = 802).

Entre as crianças classificadas como tendo CND moderado a grave aos 2 anos, 63% tinham CND nenhum a leve aos 10 anos; entre as crianças classificadas como tendo CND profundo aos 2 anos, 36% tinham CND nenhum a leve aos 10 anos. A estatística κ de Cohen indicou concordância mínima a razoável entre CND aos 2 e aos 10 anos (0,34, P <0,001).

O comprometimento do neurodesenvolvimento na infância, conforme definido neste estudo, prevê apenas fracamente o comprometimento do neurodesenvolvimento no meio da infância.

Para os pais em risco de parto prematuro extremo, uma mensagem de esperança pode ser tirada desses achados de que um terço das crianças sobreviventes classificadas como tendo comprometimento do neurodesenvolvimento profundo e quase dois terços daquelas classificadas como tendo comprometimento do neurodesenvolvimento moderado a grave aos 2 anos teve comprometimento do neurodesenvolvimento nenhum a leve aos 10 anos.

Leia sobre "Desenvolvimento infantil", "Entendendo a prematuridade e os cuidados necessários" e "Distúrbios de aprendizagem escolar".

 

Fonte: Pediatrics, Vol. 147, Nº 5, em 01 de maio de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. O comprometimento do neurodesenvolvimento aos 2 anos de idade prevê apenas fracamente o neurodesenvolvimento aos 10 anos para crianças nascidas extremamente prematuras. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1393415/o-comprometimento-do-neurodesenvolvimento-aos-2-anos-de-idade-preve-apenas-fracamente-o-neurodesenvolvimento-aos-10-anos-para-criancas-nascidas-extremamente-prematuras.htm>. Acesso em: 7 out. 2024.

Complementos

1 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
2 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
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