Citorredução secundária seguida de quimioterapia no câncer de ovário recidivante sensível à platina melhora a sobrevida livre de progressão da doença
Os benefícios da citorredução secundária para o câncer1 de ovário2 recidivante3 sensível à platina ainda são amplamente debatidos. O objetivo desse estudo, publicado pelo The Lancet Oncology, foi avaliar a eficácia da citorredução secundária mais quimioterapia4 versus quimioterapia4 isolada nesta população de pacientes.
Este ensaio multicêntrico, aberto, randomizado5, controlado, de fase 3 (SOC-1), foi realizado em quatro centros acadêmicos na China (dois em Xangai, um em Hangzhou e um em Guangzhou). As pacientes elegíveis eram mulheres com 18 anos ou mais com câncer1 epitelial de ovário2 recidivante3 sensível à platina, com um intervalo sem platina de pelo menos 6 meses após o final da quimioterapia4 à base de platina de primeira linha, e que eram previstas de ter doença potencialmente ressecável de acordo com pontuação do modelo internacional (iMODEL) e imagens de PET-CT.
A pontuação do iMODEL foi calculada usando seis variáveis: estágio da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, doença residual após a cirurgia primária, intervalo sem platina, status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group, nível sérico do antígeno6 do câncer1 125 (antígeno6 CA-125) na recorrência7 e presença de ascite8 na recorrência7.
Uma pontuação do iMODEL de 4,7 ou inferior previu uma ressecção potencialmente completa. De acordo com uma emenda ao protocolo, as pacientes com um escore iMODEL de mais de 4,7 só poderiam ser incluídas se o nível sérico do antígeno6 CA-125 fosse maior que 105 U/mL, mas os investigadores principais avaliaram se a doença seria ressecável por PET- CT.
Leia sobre "Câncer1 de ovário2" e "Quimioterapia4 - o que é".
As participantes elegíveis foram designadas aleatoriamente (1:1) por meio de um desenho de bloco permutado (tamanho do bloco de seis) e estratificadas por centro de estudo, pontuação iMODEL, doença residual na cirurgia primária e inscrição no ensaio Shanghai Gynecologic Oncology Group SUNNY, para submeterem-se à cirurgia citorredutora secundária seguida de quimioterapia4 intravenosa (seis ciclos de 3 semanas de paclitaxel intravenoso [175 mg/m²] ou docetaxel [75 mg/m²] combinada com carboplatina intravenosa [área sob a curva de 5 mg/mL por min]; grupo de cirurgia) ou quimioterapia4 intravenosa isolada (grupo sem cirurgia).
Os desfechos primários foram a sobrevida9 livre de progressão e a sobrevida9 global, analisadas em todas as participantes designadas aleatoriamente para o tratamento, independentemente do tratamento recebido (população com intenção de tratar [IDT]). Aqui, relata-se a análise final da sobrevida9 livre de progressão e a análise provisória pré-especificada de sobrevida9 global.
A segurança foi avaliada em todas as participantes que receberam o tratamento designado e tinham dados de eventos adversos disponíveis.
Entre 19 de julho de 2012 e 3 de junho de 2019, 357 pacientes foram recrutadas e atribuídas aleatoriamente ao grupo de cirurgia (182) ou ao grupo sem cirurgia (175; população IDT). O acompanhamento médio foi de 36,0 meses (IQR 18,1-58,3).
No grupo sem cirurgia, 11 (6%) das 175 participantes tiveram citorredução secundária durante a terapia de segunda linha, enquanto 48 (37%) das 130 participantes que tiveram progressão da doença foram cruzadas e se submeteram à cirurgia em uma recorrência7 subsequente.
A sobrevida9 média livre de progressão foi de 17,4 meses (IC 95% 15,0-19,8) no grupo de cirurgia e 11,9 meses (10,0-13,8) no grupo sem cirurgia (razão de risco [HR] 0,58; IC de 95% 0,45–0,74; p <0,0001).
Na análise intermediária de sobrevida9 global, a sobrevida9 global média foi de 58,1 meses (IC de 95% não estimável a não estimável) no grupo de cirurgia e 53,9 meses (42,2-65,5) no grupo sem cirurgia (HR 0,82, IC de 95% 0,57-1,19).
Na população de segurança, nove (5%) das 172 pacientes no grupo de cirurgia apresentaram morbidade10 cirúrgica de grau 3-4 em 30 dias, e nenhuma paciente em nenhum dos grupos morreu 60 dias após receber o tratamento designado.
Os eventos adversos de grau 3-4 mais comuns durante a quimioterapia4 foram neutropenia11 (29 [17%] de 166 pacientes no grupo de cirurgia vs 19 [12%] de 156 pacientes no grupo sem cirurgia), leucopenia12 (14 [8%] vs 8 [5%]) e anemia13 (10 [6%] vs 9 [6%]). Quatro eventos adversos graves ocorreram, todos no grupo de cirurgia. Nenhuma morte relacionada ao tratamento ocorreu em nenhum dos grupos.
O estudo concluiu que a citorredução secundária seguida de quimioterapia4 foi associada a uma sobrevida9 livre de progressão da doença significativamente mais longa do que a quimioterapia4 isolada em pacientes com câncer1 de ovário2 recidivante3 sensível à platina, e as pacientes devem ser orientadas sobre a opção de citorredução secundária em centros especializados. Os resultados de sobrevida9 em longo prazo serão avaliados usando dados maduros sobre a sobrevida9 global.
Veja também: "É possível acabar com o câncer1?", "Riscos e benefícios da retirada dos ovários14" e "O que saber sobre os cistos ovarianos".
Fonte: The Lancet Oncology, Vol. 122, Nº 4, em 01 de abril de 2021.