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Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade na infância está associado a um risco aumentado de transtorno psicótico subsequente

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Evidências crescentes apoiam uma associação entre transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na infância e transtornos psicóticos subsequentes. Ambos os transtornos compartilham características fisiopatológicas, como déficit de atenção, desequilíbrio dopaminérgico e suscetibilidade genética. No entanto, os resultados dos estudos epidemiológicos têm sido conflitantes.

O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Psychiatry, foi fornecer uma síntese quantitativa de estudos que exploram a associação entre TDAH e o risco de transtorno psicótico subsequente.

Leia sobre "Psicoses", "TDAH: o que é, causas e sintomas1" e "Distúrbios de aprendizagem escolar".

Uma busca sistemática da literatura nas bases de dados MEDLINE, Scopus, PsycInfo e Web of Science foi realizada desde o início até a análise final em 7 de julho de 2020. Nenhuma restrição de linguagem foi aplicada.

Foram selecionados estudos de coorte2 e caso-controle examinando3 o risco relativo de desenvolver um transtorno psicótico em pessoas diagnosticadas com TDAH com menos de 18 anos em comparação com indivíduos controle sem TDAH.

As diretrizes Itens de Relatório preferidos para Revisões Sistemáticas e Metanálises (PRISMA) e Metanálise de Estudos Observacionais em Epidemiologia (MOOSE) foram seguidas nos resultados de relatórios. Dois revisores independentes extraíram os dados e avaliaram o risco de viés de estudos individuais usando a Escala de Newcastle-Ottawa.

Preferencialmente, odds ratios ajustados (aORs) ou hazard ratios dos estudos identificados foram extraídos, e os ORs foram calculados quando não foram ajustados. Um modelo de efeitos aleatórios foi usado para calcular o efeito relativo agrupado usando o pacote meta em R.

O principal desfecho do estudo foi uma associação entre TDAH (exposição) e transtorno psicótico (resultados); ambos os diagnósticos foram baseados em classificação internacional.

Um total de 15 estudos foram incluídos na revisão. Doze estudos foram agrupados na metanálise, representando 1,85 milhões de participantes. Um diagnóstico4 de TDAH na infância foi associado a um aumento significativo no risco de transtorno psicótico subsequente, com um efeito relativo agrupado de 4,74 (IC 95%, 4,11-5,46; I² = 43% [IC 95%, 0% - 70%]).

Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos para análises de subgrupos de acordo com resultados de transtorno psicótico (odds ratio [OR], 5,04; IC 95%, 4,36-5,83) ou esquizofrenia5 (OR, 4,59; IC 95%, 3,83-5,50), design do estudo de coorte6 (OR, 4,64; IC 95%, 4,04-5,34) ou caso-controle (OR, 6,81; IC 95%, 4,21-11,03) e estimativas ajustadas (OR, 4,72; IC 95%, 4,11-5,46) ou não ajustadas (OR, 3,81; IC 95%, 1,39-10,49). Meta-regressões não foram significativas quando sexo e pontuação de viés foram usados ​​como covariáveis. Nenhuma evidência de viés de publicação foi encontrada.

Essas descobertas sugerem que o TDAH na infância está associado a um risco aumentado de um transtorno psicótico subsequente, e os pacientes precisam de acompanhamento mesmo após os 18 anos de idade. Mais estudos são necessários para determinar os mecanismos que ligam essas condições comuns e se a intervenção precoce para o TDAH pode reduzir o risco de transtorno psicótico subsequente.

Veja também sobre "Saúde7 mental", "Ansiedade infantil", "Autismo" e "Surto psicótico".

 

Fonte: JAMA Psychiatry, publicação em 24 de fevereiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade na infância está associado a um risco aumentado de transtorno psicótico subsequente. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1389710/transtorno-de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-na-infancia-esta-associado-a-um-risco-aumentado-de-transtorno-psicotico-subsequente.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Examinando: 1. O que será ou está sendo examinado. 2. Candidato que se apresenta para ser examinado com o fim de obter grau, licença, etc., caso seja aprovado no exame.
4 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
5 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
6 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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