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Estudo estima que, de 2000 a 2030, a vacinação contra os 10 principais patógenos terá evitado 69 milhões de mortes em países de baixa e média renda

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As últimas duas décadas viram a expansão dos programas de vacinação infantil em países de baixa e média renda (PBMRs). Nesse estudo de modelagem, publicado pelo The Lancet, quantificou-se o impacto desses programas na saúde1, estimando as mortes e os anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs, do inglês disability-adjusted life-years) evitados pela vacinação contra dez patógenos em 98 PBMRs entre 2000 e 2030.

Saiba mais sobre "Vacinas - como funcionam" e "Calendário de Vacinação".

Dezesseis grupos de pesquisa independentes forneceram estimativas de carga de doenças baseadas em modelos em uma variedade de cenários de cobertura de vacinação para dez patógenos: vírus2 da hepatite3 B, Haemophilus influenzae tipo B, papilomavírus humano, encefalite4 japonesa, sarampo5, Neisseria meningitidis sorogrupo A, Streptococcus pneumoniae, rotavírus, rubéola6 e febre amarela7.

Usando dados demográficos padronizados e cobertura vacinal, o impacto dos programas de vacinação foi determinado comparando as estimativas do modelo de um cenário contrafactual sem vacinação com as de um cenário de vacinação relatado e projetado. Apresentou-se as mortes e DALYs evitados entre 2000 e 2030 por ano civil e por coorte8 de nascimentos anual.

Estima-se que a vacinação contra os dez patógenos selecionados terá evitado 69 milhões (intervalo de credibilidade de 95% 52–88) de mortes entre 2000 e 2030, das quais 37 milhões (30–48) foram evitadas entre 2000 e 2019. De 2000 a 2019, isso representa uma redução de 45% (36–58) nas mortes em comparação com o cenário contrafactual de nenhuma vacinação.

A maior parte desse impacto está concentrada na redução da mortalidade9 entre crianças menores de 5 anos (redução de 57% [52-66]), principalmente pelo sarampo5.

Ao longo da vida das coortes de nascimento nascidas entre 2000 e 2030, prevê-se que 120 milhões (93-150) de mortes serão evitadas pela vacinação, das quais 58 milhões (39-76) são devidas à vacinação contra o sarampo5 e 38 milhões (25-52) são devidas à vacinação contra a hepatite3 B.

Estima-se que aumentos na cobertura vacinal e introduções de vacinas adicionais resultarão em uma redução de 72% (59–81) na mortalidade9 ao longo da vida na coorte8 de nascimentos de 2019.

O estudo mostrou que os aumentos na cobertura de vacinas e a introdução de novas vacinas nos países de baixa e média renda tiveram um grande impacto na redução da mortalidade9. Prevê-se que esses ganhos de saúde1 pública aumentem nas próximas décadas se o progresso no aumento da cobertura for mantido.

Leia sobre "Mortalidade infantil10 no Brasil", "Por que vacinar" e "Vacina11 tríplice viral".

 

Fonte: The Lancet, publicação em 30 de janeiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Estudo estima que, de 2000 a 2030, a vacinação contra os 10 principais patógenos terá evitado 69 milhões de mortes em países de baixa e média renda. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1388365/estudo-estima-que-de-2000-a-2030-a-vacinacao-contra-os-10-principais-patogenos-tera-evitado-69-milhoes-de-mortes-em-paises-de-baixa-e-media-renda.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
3 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
4 Encefalite: Inflamação do tecido encefálico produzida por uma infecção viral, bacteriana ou micótica (fungos).
5 Sarampo: Doença infecciosa imunoprevenível, altamente transmissível por via respiratória, causada pelo vírus do sarampo e de imunidade permanente. Geralmente ocorre na infância, mas pode afetar adultos susceptíveis (não imunes). As manifestações clínicas são febre alta, tosse seca persistente, coriza, conjuntivite, aumento dos linfonodos do pescoço e manchas avermelhadas na pele. Em cerca de 30% das pessoas com sarampo podem ocorrer complicações como diarréia, otite, pneumonia e encefalite.
6 Rubéola: Doença infecciosa imunoprevenível de transmissão respiratória. Causada pelo vírus da rubéola. Resulta em manifestações discretas ou é assintomática. Quando ocorrem, as manifestações clínicas mais comuns são febre baixa, aumento dos gânglios do pescoço, manchas avermelhadas na pele, 70% das mulheres apresentam artralgia e artrite. Geralmente tem evolução benigna, é mais comum em crianças e resulta em imunidade permanente. Durante a gravidez, a infecção pelo vírus da rubéola pode resultar em aborto, parto prematuro e mal-formações congênitas.
7 Febre Amarela: Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela, que ocorre na América do Sul e na África. Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). A única forma de prevenção é a vacinação contra a doença.
8 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
9 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
10 Mortalidade Infantil: A taxa de mortalidade infantil é o quociente entre os óbitos de menores de um ano ocorridos em uma determinada unidade geográfica e período de tempo, e os nascidos vivos da mesma unidade nesse período, segundo a fórmula: Taxa de Mortalidade Infantil = (Óbitos de Menores de 1 ano / Nascidos Vivos) x 1.000
11 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
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