Circulation: estudo aponta que dez ou mais medicamentos são prescritos à maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca na alta hospitalar
Um estudo recente de médicos da Weill Cornell Medicine está alertando sobre a prescrição excessiva de medicamentos para pacientes1 idosos hospitalizados com insuficiência cardíaca2.
Os resultados do estudo descobriram que mais da metade dos pacientes idosos hospitalizados por insuficiência cardíaca2 receberam alta com prescrições de 10 ou mais medicamentos, o que os pesquisadores alertam que pode representar uma ameaça à segurança dos pacientes.
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"A alta carga de medicamentos, também conhecida como polifarmácia, é comumente associada a eventos adversos e reações", disse o pesquisador principal Parag Goyal, MD, MSc, professor assistente de medicina da Weill Cornell Medicine e cardiologista5 geriátrico do NewYork-Presbyterian / Weill Cornell Medical Center, em comunicado da American Heart Association. “À medida que as opções de tratamento para várias doenças, incluindo insuficiência cardíaca2, se expandem e a população envelhece, é cada vez mais importante pesar os riscos e possíveis benefícios de vários medicamentos”.
Apesar dos danos potenciais que podem resultar da polifarmácia, os dados do mundo real sobre a polifarmácia no contexto de insuficiência cardíaca2 (IC) são limitados. Esse estudo, publicado no periódico Circulation: Heart Failure, procurou abordar essa lacuna de conhecimento estudando idosos hospitalizados por IC derivados do estudo REGARDS (Reasons for Geographic and Racial Differences in Stroke).
Foram examinados 558 idosos com idade ≥65 anos com hospitalizações por IC adjudicada de 380 hospitais nos Estados Unidos. Coletou-se e examinou-se dados da avaliação inicial do REGARDS, prontuários médicos de hospitalizações por IC adjudicada, o banco de dados de pesquisa anual da American Hospital Association e o site do Medicare’s Hospital Compare.
Contou-se o número de medicamentos tomados na admissão e na alta hospitalar; e classificou-se cada medicamento como relacionado à IC, não relacionado à IC mas relacionado a uso cardiovascular ou não relacionado a uso cardiovascular.
A grande maioria dos participantes (84% na admissão e 95% na alta) tomou ≥5 medicamentos; e 42% na admissão e 55% na alta tomaram ≥10 medicamentos.
A prevalência6 de tomar ≥10 medicamentos (polifarmácia) aumentou durante o período do estudo. A prevalência6 de pacientes que tomam 10 ou mais medicamentos na alta aumentou de 41% entre 2003-2006 para 68% entre 2011-2014. Conforme o número total de medicamentos aumentou, o número de medicamentos não cardiovasculares aumentou mais rapidamente do que o número de medicamentos cardiovasculares relacionados ou não relacionados à IC.
Definir polifarmácia como tomar ≥10 medicamentos pode ser mais ideal na população com IC, pois a maioria dos pacientes já toma ≥5 medicamentos. A polifarmácia é comum tanto na admissão quanto na alta hospitalar, e sua prevalência6 está aumentando com o tempo. A maioria dos medicamentos tomados por idosos com insuficiência cardíaca2 são medicamentos não cardiovasculares. É necessário desenvolver estratégias que possam mitigar7 os efeitos negativos da polifarmácia em idosos com IC.
"Nossas descobertas apoiam a necessidade de adaptar as decisões relacionadas à prescrição de medicamentos para cada paciente, considerando seu estado geral de saúde8", acrescentou Goyal, no comunicado mencionado. “A chave para o gerenciamento da polifarmácia é a revisão da medicação durante cada consulta”.
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Fontes:
Circulation: Heart Failure, publicação em 13 de outubro de 2020.
Practical Cardiology, notícia publicada em 13 de outubro de 2020.