Maturação metabólica nos primeiros 2 anos de vida em ambientes com recursos limitados e sua associação com crescimentos pós-natais
A desnutrição1 continua afetando o crescimento e o desenvolvimento de milhões de crianças em todo o mundo, e a desnutrição1 crônica tem se mostrado amplamente refratária a intervenções. Uma melhor compreensão do desenvolvimento metabólico na infância e como ele difere em crianças com crescimento restrito pode fornecer dados para informar intervenções mais oportunas, direcionadas e eficazes.
Margaret Kosek, da Universidade da Virgínia, e seus colegas desenvolveram um modelo preditivo que pode prever o crescimento infantil2 com base na presença de vários biomarcadores. Poderia-se então usar amostras de urina3 ou sangue4 para prever quão bem uma criança deve crescer nos próximos seis meses. Eles acreditam que isso poderia ser usado para melhorar intervenções para crianças em países em desenvolvimento que são desnutridas cronicamente.
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Em estudo publicado pela revista Science Advances, o metaboloma5 de bebês6 saudáveis foi comparado ao de bebês6 com restrição de crescimento de três continentes nos primeiros 2 anos de vida para identificar assinaturas metabólicas do envelhecimento.
Durante dois anos, os pesquisadores coletaram a urina3 de 779 crianças, em intervalos regulares, em Bangladesh, Peru e Tanzânia, com idades entre 3 meses e 2 anos. Eles também mediram o comprimento do corpo das crianças todos os meses desde o nascimento.
Um subconjunto dessas crianças, que estavam entre os 9% superiores em crescimento linear, foi usado como um grupo de referência saudável. Estes eram bebês6 que estavam crescendo bem apesar das adversidades, diz Kosek, embora sua altura e crescimento estivessem frequentemente abaixo da mediana para crianças bem nutridas em outros países.
A equipe mediu oito compostos diferentes excretados na urina3 e encontrou diferenças significativas nos níveis de certos metabólitos7 entre as crianças de crescimento saudável e as outras crianças.
Modelos preditivos demonstraram que as crianças com restrição de crescimento apresentam atraso na maturidade metabólica em relação aos seus pares mais saudáveis, tendo isso ficado evidente aos 3 meses de idade, e que a maturidade metabólica pode prever o crescimento dentro de seis meses.
Os metabólitos7 mais preditivos de crescimento foram os associados ao ciclo do ácido cítrico, também conhecido como ciclo de Krebs — uma série de reações químicas que nossas células8 usam para gerar energia. Outra foi a betaína, que está associada ao metabolismo9 do triptofano, um aminoácido essencial.
A pesquisa sugere que crianças nos países envolvidos no estudo poderiam ser mais privadas de proteínas10 do que se pensava anteriormente.
"Medimos a ingestão de proteínas10 e a maioria delas está obtendo o que achamos que é uma ingestão adequada de proteínas10", diz Kosek. Mas as assinaturas metabólicas que eles descobriram sugerem que as crianças nessas regiões, que são expostas a doenças infecciosas com mais frequência, podem ter maiores necessidades nutricionais.
Os resultados fornecem uma estrutura metabólica a partir da qual futuros programas nutricionais podem ser construídos e avaliados com mais precisão.
A desnutrição1 crônica em crianças tem sido um problema de saúde11 global nos últimos 30 anos e essa ferramenta pode ajudar os profissionais de saúde11 a identificar crianças que estão começando a ficar para trás no crescimento e a intervir precocemente, diz Kosek.
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Fontes:
New Scientist, publicação em 08 de abril de 2020
Science Advances, publicação em 08 de abril de 2020