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Efeito da terapia cognitivo comportamental digital para insônia na saúde, bem-estar psicológico e qualidade de vida relacionada ao sono

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A terapia cognitivo1 comportamental digital (dTCC) é uma intervenção escalável e eficaz para o tratamento da insônia. A maioria das pessoas com insônia, no entanto, procura ajuda devido às consequências diurnas do sono ruim, o que afeta adversamente a qualidade de vida.

O objetivo deste estudo publicado pelo JAMA Psychiatry foi investigar o efeito da dTCC para insônia na saúde2 funcional, bem-estar psicológico e qualidade de vida relacionada ao sono, e determinar se uma redução nos sintomas3 de insônia foi um fator mediador.

Este estudo online, randomizado4, com dois braços, em grupo paralelo, comparando a dTCC para insônia com a educação para a higiene do sono (EHS) avaliou 1.711 participantes com sintomas3 de insônia autorrelatados.

Saiba mais sobre "Terapia cognitivo1 comportamental", "Insônia" e "Como fazer a higiene do sono".

Os participantes foram recrutados entre 1 de dezembro de 2015 e 1 de dezembro de 2016, e a dTCC foi entregue usando os canais da web e/ou dispositivos mobile, além de tratamento como de costume; a EHS incluía um site e um livreto para download, além de tratamento como de costume. As avaliações online ocorreram nas semanas 0 (linha de base), 4 (tratamento intermediário), 8 (pós-tratamento) e 24 (acompanhamento). Os programas foram concluídos dentro de 12 semanas após a inclusão.

Os desfechos primários foram pontuações em medidas autorreferidas de saúde2 funcional (Sistema de Informação de Medição de Resultados Relatados pelo Paciente: Global Health Scale; intervalo de 10 a 50; pontuações mais altas indicam melhor saúde2); bem-estar psicológico (Escala de Bem-Estar Mental Warwick-Edinburgh; intervalo de 14 a 70; pontuações mais altas indicam maior bem-estar); e qualidade de vida relacionada ao sono (Índice de Impacto do Sono de Glasgow; intervalo de 1 a 100; pontuações mais altas indicam maior comprometimento).

Os desfechos secundários incluíram humor, fadiga5, sonolência, falhas cognitivas, produtividade no trabalho e satisfação no relacionamento. A insônia foi avaliada com o Indicador de Condição do Sono (intervalo de 0 a 32; pontuações mais altas indicam melhor sono).

Dos 1.711 participantes incluídos na análise de intenção de tratamento, 1.329 (77,7%) eram do sexo feminino, a idade média (DP) foi de 48,0 (13,8) anos e 1.558 (91,1%) eram brancos.

O uso da dTCC em comparação com a EHS foi associado a uma pequena melhora na saúde2 funcional (diferença ajustada [IC 95%] na semana 4, 0,90 [0,40-1,40]; semana 8, 1,76 [1,24-2,28]; semana 24, 1,76 [1,22 -2,30]) e no bem-estar psicológico (diferença ajustada [IC95%] na semana 4, 1,04 [0,28-1,80]; semana 8, 2,68 [1,89-3,47]; semana 24, 2,95 [2,13-3,76]), e a uma grande melhora na qualidade de vida relacionada ao sono (na semana 4, -8,76 [-11,83 a -5,69]; semana 8, -17,60 [-20,81 a -14,39]; semana 24, -18,72 [-22,04 a -15,41 ]) (todos P <0,01). Uma grande melhoria na insônia mediou esses resultados (intervalo mediado, 45,5% -84,0%).

O estudo concluiu que o uso da dTCC é eficaz na melhoria da saúde2 funcional, bem-estar psicológico e qualidade de vida relacionada ao sono em pessoas que relatam sintomas3 de insônia. Uma redução nos sintomas3 de insônia media essas melhorias.

Esses resultados confirmam que a dTCC melhora os aspectos diurnos e noturnos da insônia, fortalecendo as recomendações existentes da TCC como tratamento de escolha para a insônia.

Leia sobre "Insônia - como dormir melhor", "Distúrbios do sono", "Como é o sono" e "Efeitos da privação de sono".

 

Fonte: JAMA Psychiatry, publicação em janeiro de 2019.

 

NEWS.MED.BR, 2019. Efeito da terapia cognitivo comportamental digital para insônia na saúde, bem-estar psicológico e qualidade de vida relacionada ao sono. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1354498/efeito-da-terapia-cognitivo-comportamental-digital-para-insonia-na-saude-bem-estar-psicologico-e-qualidade-de-vida-relacionada-ao-sono.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
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