Perfis lipídicos ao nascimento preveem desenvolvimento emocional e social da criança
O ambiente fetal tem sido cada vez mais implicado na saúde1 psicológica posterior, mas o papel dos lipídios é desconhecido.
Um estudo de Stanford, publicado pelo periódico Psychological Science, buscou avaliar se os níveis de colesterol2 e gordura3 no sangue4 de uma criança ao nascer podem prever seu desenvolvimento social e emocional.
Foi utilizada a coorte5 de nascimentos etnicamente diversa Born in Bradford (BiB), que acompanhou crianças nascidas na cidade britânica de Bradford entre março de 2007 e dezembro de 2010. Relacionou-se, então, os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL6), lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) e triglicerídeos no sangue do cordão umbilical7 à competência psicossocial de 1.369 crianças, avaliada por professores usando testes padrão, aproximadamente cinco anos depois.
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Foi utilizado o sangue do cordão umbilical7 no estudo pois, ao contrário da placenta, todas as células8 do sangue do cordão umbilical7 são do feto9. A competência psicossocial foi avaliada pelos domínios de autoconsciência, regulação emocional e funcionamento interpessoal.
Os resultados das regressões logísticas ordinais indicaram que baixos níveis de HDL6, altos níveis de VLDL e altos níveis de triglicerídeos previam maior probabilidade das crianças serem classificadas como menos competentes nos domínios de regulação emocional, autoconsciência e funcionamento interpessoal.
"É surpreendente que, desde o início da vida, esses marcadores facilmente acessíveis e comumente examinados dos níveis de lipídios no sangue4 tenham essa correlação preditiva para futuros resultados psicológicos", disse Erika Manczak, PhD, em um recente comunicado à imprensa de Stanford. "O que nosso estudo mostrou é realmente um achado otimista, porque os lipídios são relativamente fáceis de manipular e influenciar". Manczak trabalhou na pesquisa como pós-doutora em psicologia em Stanford.
O estudo, até agora, demonstrou apenas correlações, não causas. Mas os resultados foram generalizados para a origem étnica e o sexo das crianças e não foram contabilizados por variáveis que refletem a saúde1 psicológica ou física das mães, a saúde1 física das crianças ou status de educação especial das crianças.
Juntos, esses resultados identificam a exposição fetal a níveis lipídicos anômalos como um possível contribuinte para a saúde1 psicológica subsequente e o funcionamento social.
"O fato de o único preditor sólido para os escores de avaliação de competência psicossocial das crianças nascidas em Bradford serem os níveis lipídicos fetais realmente argumenta a favor de uma conexão entre os dois", disse Manczak no comunicado. "Agora precisamos descobrir o que exatamente pode ser essa conexão."
No estudo, os autores sugerem algumas explicações potenciais, observando que os lipídios estão envolvidos em muitos processos biológicos importantes para a saúde1 psicológica, como desenvolvimento do cérebro10 e inflamação11. Se trabalhos futuros confirmarem essas descobertas, eles esperam que a triagem lipídica possa ajudar a identificar e orientar o tratamento de crianças propensas a doenças mentais.
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Fontes:
Psychological Science, vol. 30, nº 12, em dezembro de 2019.
Stanford Medicine, artigo publicado em 9 de dezembro de 2019.