Antivirais de ação direta reduzem risco de mortalidade e de carcinoma hepatocelular em pacientes com infecção crônica pelo HCV: estudo publicado pelo The Lancet
Embora os antivirais de ação direta tenham sido amplamente utilizados no tratamento de pacientes com infecção1 pelo vírus2 da hepatite3 C (HCV), sua eficácia clínica não tem sido bem relatada. O professor Fabrice Carrat, do Institut Pierre Louis d'Épidémiologie et de Santé Publique (iPLESP), em Paris, e demais colaboradores, estudaram a incidência4 de morte, carcinoma5 hepatocelular e cirrose6 descompensada entre pacientes tratados com antivirais de ação direta e aqueles não tratados, na coorte7 francesa ANRS CO22 Hepather.
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O estudo prospectivo11 teve a participação de pacientes adultos com infecção1 crônica pelo HCV, recrutados em 32 centros especializados em hepatologia, na França. Foram excluídos pacientes com hepatite3 B crônica, aqueles com história de cirrose6 descompensada, carcinoma5 hepatocelular ou transplante hepático e pacientes que foram tratados com interferon-ribavirina com ou sem inibidores de protease de primeira geração. Os principais resultados do estudo foram incidência4 de mortalidade12 por todas as causas, carcinoma5 hepatocelular e cirrose6 descompensada. A associação entre antivirais de ação direta e esses desfechos foi quantificada usando modelos de riscos proporcionais de Cox dependentes do tempo.
Entre 6 de agosto de 2012 e 31 de dezembro de 2015, 10.166 pacientes foram elegíveis para o estudo. 9.895 (97%) pacientes tinham informações de acompanhamento disponíveis e foram incluídos nas análises. O seguimento mediano foi de 33,4 meses. O tratamento com antivirais de ação direta foi iniciado durante o acompanhamento em 7.344 pacientes e 2.551 pacientes permaneceram sem tratamento na última visita de acompanhamento.
Durante o acompanhamento, 218 pacientes morreram (129 tratados, 89 não tratados), 258 relataram carcinoma5 hepatocelular (187 tratados, 71 não tratados) e 106 tinham cirrose6 descompensada (74 tratados, 32 não tratados). A exposição aos antivirais de ação direta foi associada ao aumento do risco de carcinoma5 hepatocelular e cirrose6 descompensada. Após ajuste para variáveis (idade, sexo, índice de massa corpórea, origem geográfica, via de infecção1, escore de fibrose13, HCV-ingênuo, genótipo14 de HCV, consumo de álcool, diabetes15, hipertensão arterial16, variáveis biológicas e modelo para doença hepática10 terminal em pacientes com cirrose6), a exposição a antivirais de ação direta foi associada a uma redução na mortalidade12 por todas as causas e carcinoma5 hepatocelular, e não foi associada à cirrose6 descompensada.
O tratamento com antivirais de ação direta está associado à redução do risco de mortalidade12 e de carcinoma5 hepatocelular e deve ser considerado em todos os pacientes com infecção1 crônica pelo HCV.
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Fonte: The Lancet, em 11 de fevereiro de 2019.