Caminhada ajuda na fertilidade de mulheres com história de aborto espontâneo
A atividade física pode influenciar a fecundidade por alterar a função endócrina. Os estudos que avaliaram essa associação utilizaram principalmente o recrutamento baseado na Internet e o autorrelato para avaliação da gravidez1 e produziram resultados conflitantes.
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Esta avaliação publicada pelo Human Reproduction, coordenada por Lindsey Russo, da Faculdade de Saúde2 Pública e de Ciências da Saúde2 da Universidade de Massachusetts Amherst, EUA, é uma análise secundária do ensaio clínico Effects of Aspirin in Gestation and Reproduction (EAGeR) (2007-2011), um ensaio multicêntrico, randomizado3 e controlado, de uso de baixa dose de aspirina iniciada na fase de pré-concepção4.
Participaram do presente estudo mulheres saudáveis (n=1.214), com idades entre 18 e 40 anos e com história de uma a duas perdas prévias de gravidez1. Elas foram recrutadas em quatro centros médicos dos EUA. As participantes foram acompanhados por até seis ciclos menstruais durante a tentativa de engravidar e durante a gestação para aquelas que engravidaram. O tempo até a gravidez1 detectada pelo beta hCG foi avaliado usando modelos de risco proporcional de Cox discretos para estimar odds ratio de fecundidade (FOR) ajustado para covariáveis, representando truncamento à esquerda e censura à direita.
A associação da fecundidade com a caminhada variou significativamente pelo IMC5 (interação P = 0,01). Entre as mulheres com sobrepeso6/obesidade7, a caminhada ≥10 minutos por vez foi relacionada à melhora da fertilidade (FOR = 1,82, IC 95%: 1,19-2,77). Nos modelos ajustados, as mulheres que relataram >4 horas/semana de atividade física vigorosa apresentaram fecundidade significativamente maior (FOR = 1,69; IC95%: 1,24-2,31) em comparação com nenhuma atividade vigorosa. Associações de atividade vigorosa com fertilidade não foram significativamente diferentes pelo índice de massa corporal8 ou IMC5 (interação P = 0,9). As categorias de atividade moderada, ficar sentada ou as categorias do questionário denominado International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) não foram associadas à fecundidade geral ou a análises estratificadas pelo IMC5.
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É provável que algum erro de classificação dos níveis de atividade física, conforme determinada pela forma abreviada do IPAQ, tenha levado a um erro de classificação não diferencial da exposição no presente estudo. Informações sobre dieta e mudança no IMC5 não foram coletadas e podem ter contribuído para alguma confusão residual nos resultados. A generalização dos resultados pode ser limitada, uma vez que a população estudada consistia em mulheres com uma história de um ou dois abortos espontâneos.
Estes resultados fornecem evidências positivas para os benefícios da atividade física em mulheres que tentam engravidar, especialmente a caminhada para aquelas com maior IMC5. Mais estudos são necessários para esclarecer possíveis mecanismos pelos quais a atividade física e a caminhada podem afetar o tempo até a concepção4.
Este trabalho foi financiado pelo Intramural Research Program of the Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development.
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Fonte: Human Reproduction, publicação em 10 de abril de 2018