Diferenças na mortalidade pelo HIV em mulheres, homens heterossexuais e homens que fazem sexo com homens
O estudo, com publicação online pelo The Lancet HIV1, foi realizado por pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
O objetivo foi compreender melhor a mortalidade2 em mulheres, homens heterossexuais e homens que fazem sexo com homens (HSH) infectados pelo HIV1, em uma coorte3 do Rio de Janeiro, Brasil, uma vez que a mortalidade2 em pessoas infectadas pelo HIV1 pode diferir por sexo e modo de aquisição do vírus4.
A pesquisa incluiu mulheres, homens heterossexuais e HSH (com idade ≥18 anos), infectados pelo HIV1, da base de dados do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, que foram recrutados entre 01 de janeiro de 2000 e 30 de outubro de 2011, e que tinham pelo menos 60 dias de acompanhamento (follow-up). As causas de mortes foram definidas e documentadas de acordo com o protocolo Coding of Death in HIV1. Os modelos de riscos proporcionais de Cox foram usados para explorar os fatores de risco para mortes relacionadas e não relacionadas à SIDA (AIDS).
Saiba mais sobre a "Infecção5 pelo HIV1" e sobre "O que é a AIDS".
Os pesquisadores acompanharam 2.224 indivíduos: 817 (37%) mulheres, 554 (25%) homens heterossexuais e 853 (38%) HSH. Das 103 mortes que ocorreram, 64 foram relacionadas à SIDA, 31 eram não-relacionadas à SIDA e oito eram de causas desconhecidas. Nas análises não ajustadas, em comparação às mulheres, o risco de mortes relacionadas à SIDA foi maior para os homens heterossexuais (hazard ratio [HR] 3,52; IC 95% 1,30-9,08; p=0,009) e para o HSH (2,30; 0,89-5,94; p=0,084). Após o ajuste para idade, contagem de células6 CD4, última carga viral do HIV1, uso de terapia antirretroviral e infecção5 definidora de SIDA, doença maligna definidora de AIDS e ter estado hospitalizado durante o follow-up, o excesso de risco de morte relacionada à SIDA diminuiu para os homens heterossexuais (HR ajustado 1,99; 0,75-5,25; p=0,163), mas manteve-se inalterado para os HSH (2,24; 0,82-6,11; p,=0,114). A mortalidade2 não relacionada à AIDS não diferiu por grupo.
Os resultados mostraram que, comparado às mulheres, o aumento do risco de morte relacionado à SIDA nos homens heterossexuais foi parcialmente mitigado por fatores de risco para mortalidade2 por AIDS, enquanto que o excesso de risco em HSH não foi alterado. É necessário um estudo mais aprofundado sobre os motivos que explicam a disparidade na mortalidade2 relacionada à SIDA pelo modo de transmissão da doença.
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Fonte: The Lancet HIV1, publicação online, de 17 de agosto de 2016