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UFMG comprova: cirurgia bariátrica é eficaz tanto para perda de peso quanto para melhora de doenças associadas

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Cirurgia de redução de estômago1 realizada em Minas Gerais tem resultados equiparados a médias nacional e internacional, tanto para perda de peso quanto para melhora de diabetes2, hipertensão arterial3, colesterol4, triglicérides5 e ácido úrico altos. Entretanto, especialistas não a recomendam como principal opção para questões estéticas.

Foram estudados 193 pacientes com até cinco anos de pós-operatório da cirurgia de redução de estômago1 (Bypass gástrico ou cirurgia de Capella), que é autorizada pelo Ministério da Saúde6 para atendimento pelo SUS. O estudo comprovou a eficiência da cirurgia em Minas Gerais, equiparável aos grandes centros mundiais.

Na tese de doutorado "Aspectos clínicos e metabólicos de pacientes obesos do Sistema Único de Saúde6 submetidos a operação de Capella no Hospital das Clínicas da UFMG", Maria de Fátima Haueisen Sander Diniz, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG (CLM), concluiu que os melhores resultados quanto à perda de peso foram observados até o segundo ano de seguimento. Depois desse período, há tendência de readquirir peso, pois, geralmente, há maior tolerância à ingestão de quantidade maior de alimentos. Com a perda significativa de peso, também houve redução da prevalência7 dos problemas associados à obesidade8 (como diabetes2, colesterol4, triglicérides5 e ácido úrico elevados) até o quinto ano de acompanhamento dos pacientes. O controle da hipertensão9 nos dois primeiros anos foi mais significativo. Passado este período, a doença tende a voltar, com quadro clínico menos intenso do que no pré-operatório.

Se comparados os resultados com os de outros países, houve aumento dos casos de deficiência de proteína e de anemia10. A autora diz que isso pode ser reflexo de influências de contextos sócio-econômicos e culturais, os quais não foram pesquisados, além de se tratar de uma população com elevado Índice de Massa Corpórea (IMC11) e presença de muitas doenças associadas no pré-operatório. Esses fatores talvez possam explicar a maior mortalidade12. A média da mortalidade12 nos casos estudados foi de 4,1% até o primeiro ano de pós-operatório, enquanto a média mundial é inferior a 2%.

Segundo a orientadora do estudo, professora Valéria Passos, aproximadamente 12% da população adulta brasileira é obesa. Estima-se em 0,7% a prevalência7 de obesidade8 mórbida na população urbana das grandes capitais brasileiras, o que equivale a aproximadamente 322.000 pessoas.

A autora diz que a cirurgia é realizada para reduzir a mortalidade12, já que a obesidade8 grave reduz a expectativa de vida13, principalmente em pessoas mais jovens, e que não deve ser encarada como uma cirurgia com objetivos estéticos ou como mágica para obter emagrecimento rápido.

Ambas chamam a atenção para o fato de que o tratamento do obeso mórbido é um trabalho em equipe desde a fase pré-operatória até o pós-operatório. Há profissionais de diversas áreas envolvidos: cirurgia, endocrinologia, nutrição14, psicologia, psiquiatria, neurologia, dentre outros. Também garante que a maior parte do sucesso depende do paciente.

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais

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NEWS.MED.BR, 2007. UFMG comprova: cirurgia bariátrica é eficaz tanto para perda de peso quanto para melhora de doenças associadas. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/11772/ufmg-comprova-cirurgia-bariatrica-e-eficaz-tanto-para-perda-de-peso-quanto-para-melhora-de-doencas-associadas.htm>. Acesso em: 18 mar. 2024.

Complementos

1 Cirurgia de redução de estômago:
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
4 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
5 Triglicérides: A principal maneira de armazenar os lipídeos no tecido adiposo é sob a forma de triglicérides. São também os tipos de lipídeos mais abundantes na alimentação. Podem ser definidos como compostos formados pela união de três ácidos graxos com glicerol. Os triglicérides sólidos em temperatura ambiente são conhecidos como gorduras, enquanto os líquidos são os óleos. As gorduras geralmente possuem uma alta proporção de ácidos graxos saturados de cadeia longa, já os óleos normalmente contêm mais ácidos graxos insaturados de cadeia curta.
6 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
7 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
8 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
9 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
10 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
11 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
12 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
13 Expectativa de vida: A expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permaneçam as mesmas ao longo de sua vida.
14 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
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