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Viagens aéreas e gravidez: novas recomendações do Royal College of Obstetricians & Gynaecologists

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Para quem é esta informação?

Esta informação é para grávidas que estão pensando em viajar de avião. A informação é relevante para viagens de curta distância (menos de quatro horas), média e longa distâncias (mais de quatro horas de voo).

Membros de uma tripulação de voo ou pessoas que voam frequentemente como parte de seu trabalho devem procurar aconselhamento adicional no departamento de saúde1 ocupacional a respeito de sua própria situação.

Voar faz mal para grávidas ou bebês2?

Se a gravidez3 não é de risco, voar não é prejudicial para a gestante ou para o bebê. Em mulheres saudáveis e em gestações sem riscos, não há evidências de que as mudanças na pressão e/ou na umidade do ar tenham efeito nocivo sobre a gestante ou o seu bebê.

Não há evidências de que o voo cause aborto espontâneo, parto prematuro ou ruptura prematura da bolsa de águas.

Qualquer pessoa que voa está exposta a um ligeiro aumento na exposição à radiação. Voos ocasionais não são considerados representantes de risco para gestantes ou bebês2.

Quando é o momento mais seguro para voar durante a gravidez3?

  • Antes de 37 semanas, se a gravidez3 é de apenas um bebê. A partir de 37 semanas de gravidez3, a gestante pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento, por isso muitas mulheres optam por não voar após este período.
  • Antes de 32 semanas, se a gravidez3 é gemelar não complicada.

Grávidas estão expostas a risco aumentado de problemas se viajarem de avião?

Algumas mulheres grávidas podem sentir desconforto durante o voo, tais como:

  • Inchaço4 das pernas devido à retenção de líquidos (edema5).
  • Congestão nasal/problemas nos ouvidos: grávidas são mais propensas a apresentar congestão nasal e, combinado a isso, as mudanças na pressão do ar também podem fazer com que elas tenham problemas nos ouvidos.
  • Grávidas com cinetose6: o voo pode piorar os sintomas7 da cinetose6 em grávidas, tornando os enjoos de viagens piores.

A trombose venosa profunda8 (TVP)

A TVP é um coágulo9 sanguíneo que se forma na perna ou na pelve10. Se este coágulo9 alcançar os pulmões11, ocorre uma embolia12 pulmonar, a qual pode ser fatal. Durante a gravidez3 e por até seis semanas após o nascimento do bebê, há um maior risco de desenvolver uma trombose venosa profunda8 em comparação com mulheres que não estão grávidas.

Existe um risco aumentado de desenvolvimento de uma TVP durante o voo, devido à posição sentada por tempo prolongado. O risco de TVP aumenta com a duração do voo. O risco também é maior se há fatores de risco adicionais, como uma trombose venosa profunda8 anterior ou sobrepeso13. O risco individual precisa ser avaliado pelo obstetra.

O que fazer para reduzir o risco de uma trombose venosa profunda8?

Em voos de curta distância (menos de quatro horas) é pouco provável que sejam necessárias quaisquer medidas especiais. O obstetra deve avaliar o risco para trombose14 venosa e aconselhar cada caso individualmente.

Para minimizar o risco de uma trombose venosa profunda8 em um voo de média ou longa distância (mais de quatro horas), deve-se:

  • Usar roupas e sapatos confortáveis e soltos.
  • Tentar obter um assento no corredor e fazer caminhadas regulares dentro do avião.
  • Fazer exercícios no próprio assento a cada 30 minutos, como mexer os pés fazendo círculos e movimentos de vai e vem.
  • Beber água em intervalos regulares durante todo o voo.
  • Evitar bebidas que contenham álcool ou cafeína (café, refrigerantes).
  • Usar meias elásticas de compressão graduada indicadas pelo médico, que fornecerá o tipo e o tamanho corretos para cada pessoa.

Pessoas que tenham outros fatores de risco para a TVP, independentemente da duração do voo, podem ser aconselhadas a tomar injeções de heparina. Elas diluem o sangue15 e ajudam a prevenir a TVP. A injeção16 de heparina deve ser prescrita por um médico, aplicada no dia do voo e mantida diariamente por alguns dias depois. Por motivos de segurança, é necessária a prescrição médica para que seja permitido carregar as injeções no avião.

Baixas doses de aspirina não parecem reduzir o risco de uma trombose venosa profunda8, mas ela deve ser mantida caso tenha sido receitada por outros motivos.

Há circunstâncias em que uma gestante pode ser aconselhada a não voar?

Há condições de saúde1 ou problemas médicos que podem complicar uma gravidez3 e colocar a gestante e o bebê em risco.

Uma gestante pode ser aconselhada a não voar:

  • Se está em maior risco de entrar em trabalho de parto prematuro.
  • Se tem anemia17 grave. Isto é, quando o nível de glóbulos vermelhos no sangue15 é inferior ao normal. Os glóbulos vermelhos contêm hemoglobina18, pigmento rico em ferro, que transporta oxigênio para todo o corpo.
  • Se tem anemia falciforme19 (uma condição que afeta as células20 vermelhas do sangue15) e teve recentemente uma crise falciforme.
  • Se a gestante teve recentemente sangramento vaginal significativo.
  • Se tem uma condição séria que afete os pulmões11 ou o coração21 e que torne a respiração difícil.

É importante discutir quaisquer problemas de saúde1 ou complicações na gravidez3 com o obstetra antes de voar. Gestantes com uma chance maior de aborto ou gravidez ectópica22 devem fazer uma ecografia23 para se tranquilizar antes de voar.

É importante que a gestante esteja ciente de que algo inesperado pode acontecer durante a viagem, o que pode atrasar o seu regresso. Algumas companhias aéreas não permitem que uma pessoa voe caso tenha fraturado um osso, tenha uma infecção24 mais grave no ouvido médio25 ou nos seios26 da face27 (sinusite28) ou fez recentemente alguma cirurgia no abdômen que envolva o intestino, como a remoção do apêndice29, por exemplo.

Quais as perguntas que devem ser feitas para ajudar uma gestante a tomar a decisão de voar ou não?

Para ajudar a se decidir a voar ou não, uma gestante deve pensar sobre sua própria história médica e quaisquer riscos que ela apresente. As seguintes perguntas podem também ajudar a tomar uma decisão:

  • Por que você quer voar neste momento particular?
  • Seu voo é realmente necessário?
  • Quanto tempo vai durar o seu voo? Será que isto vai aumentar o risco de problemas de saúde1?
  • Quantas semanas de gravidez3 você terá quando você for sair para viajar e quando você retornar?
  • Como são as instalações médicas no seu destino, no caso de uma complicação inesperada com a sua gravidez3?
  • Você já tomou todas as vacinas e/ou medicações relevantes para o país para onde você está viajando? Você verificou com o seu médico como estas condições podem afetar a sua gravidez3?
  • Será que o seu seguro de saúde1 de viagem cobre as despesas e cuidados que você e seu bebê podem precisar se você der à luz de forma inesperada? Há grande variação entre as companhias aéreas e as políticas de seguro de viagem, por isso vale a pena conferi-las antes de decidir voar.
  • Você discutiu seus planos de viagem com o seu obstetra e informou-o do tempo de duração do seu voo?

A chance de entrar em trabalho de parto é menor quanto mais longe a gestação estiver do final. Também é importante lembrar que ter um aborto, se você voar ou não voar, é comum (uma em cada cinco gestantes) nos primeiros três meses de gravidez3.

O que uma grávida deve levar na viagem?

  • Anotações sobre a sua gravidez3.
  • Qualquer medicamento que esteja tomando.
  • Se uma gestante está com mais de 28 semanas de gravidez3, a companhia aérea pode pedir-lhe para obter uma carta do médico afirmando quando é a data provável do parto e confirmando que a gestante está em boa saúde1, está tendo uma gravidez3 sem riscos e não corre qualquer risco aumentado de complicações.
  • Qualquer documento necessário para confirmar a data provável do parto e se ela está apta a voar. Algumas companhias aéreas têm seus próprios formulários/documentos que precisam ser preenchidos em qualquer fase da gravidez3. Contate a companhia aérea se tiver alguma dúvida.
  • Documentos de seguro de viagem.

A gestante tem que passar por um scanner de segurança?

Toda gestante terá que passar pelas verificações de segurança normais antes de voar. Isso não é considerado um risco para ela ou para o bebê.

A gestante pode usar o cinto de segurança?

Toda gestante deve usar o cinto de segurança, garantindo que o cinto de segurança esteja na posição correta. É possível pedir por uma extensão para o cinto de segurança aos atendentes de voo, caso necessário.

O que acontece se uma gestante entra em trabalho de parto durante um voo?

Qualquer grávida tem uma pequena chance de entrar em trabalho de parto prematuro ou de ter a bolsa de águas rompida repentinamente. Se isso acontecer durante um voo, não há nenhuma garantia de que outros passageiros ou tripulantes estejam treinados e tenham experiência para ajudá-la a dar à luz com segurança. Como resultado, o piloto pode ter que desviar o voo para obter ajuda para a gestante.

Fonte: Royal College of Obstetricians & Gynaecologists

NEWS.MED.BR, 2015. Viagens aéreas e gravidez: novas recomendações do Royal College of Obstetricians & Gynaecologists. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/743102/viagens-aereas-e-gravidez-novas-recomendacoes-do-royal-college-of-obstetricians-amp-gynaecologists.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
3 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
4 Inchaço: Inchação, edema.
5 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
6 Cinetose: Doença do movimento. Acomete pessoas que em determinadas condições de movimento apresentam manifestações neurovegetativas caracterizadas por tonturas, náuseas e vômitos.Está relacionada com a enxaqueca. Crianças e jovens com esse tipo de problema, geralmente, na idade adulta ou na puberdade, têm crises de enxaqueca. É causada por uma perturbação no reconhecimento do movimento feito pelo sistema vestibular, pois o corpo está parado, mas o ambiente está em movimento, gerando conflito de informações e perturbação do equilíbrio corporal.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Trombose Venosa Profunda: Caracteriza-se pela formação de coágulos no interior das veias profundas da perna. O que mais chama a atenção é o edema (inchaço) e a dor, normalmente restritos a uma só perna. O edema pode se localizar apenas na panturrilha e pé ou estar mais exuberante na coxa, indicando que o trombo se localiza nas veias profundas dessa região ou mais acima da virilha. Uma de suas principais conseqüências a curto prazo é a embolia pulmonar, que pode deixar seqüelas ou mesmo levar à morte. Fatores individuais de risco são: varizes de membros inferiores, idade maior que 40 anos, obesidade, trombose prévia, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, entre outras.
9 Coágulo: 1. Em fisiologia, é uma massa semissólida de sangue ou de linfa. 2. Substância ou produto que promove a coagulação do leite.
10 Pelve: 1. Cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ossos ilíacos), sacro e cóccix; bacia. 2. Qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
11 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
12 Embolia: Impactação de uma substância sólida (trombo, colesterol, vegetação, inóculo bacteriano), líquida ou gasosa (embolia gasosa) em uma região do circuito arterial com a conseqüente obstrução do fluxo e isquemia.
13 Sobrepeso: Peso acima do normal, índice de massa corporal entre 25 e 29,9.
14 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
15 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
16 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
17 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
18 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
19 Anemia falciforme: Doença hereditária que causa a má formação das hemácias, que assumem forma semelhante a foices (de onde vem o nome da doença), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa deficiência do transporte de gases nos indivíduos que possuem a doença. É comum na África, na Europa Mediterrânea, no Oriente Médio e em certas regiões da Índia.
20 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
21 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
22 Gravidez ectópica: Implantação do produto da fecundação fora da cavidade uterina (trompas, peritôneo, etc.).
23 Ecografia: Ecografia ou ultrassonografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
24 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
25 Ouvido médio: Atualmente denominado orelha média, é constituído pela membrana timpânica, cavidade timpânica, células mastoides, antro mastoide e tuba auditiva. Separa-se da orelha externa através da membrana timpânica e se comunica com a orelha interna através das janelas oval e redonda.
26 Seios: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
27 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
28 Sinusite: Infecção aguda ou crônica dos seios paranasais. Podem complicar o curso normal de um resfriado comum, acompanhando-se de febre e dor retro-ocular.
29 Apêndice: Extensão do CECO, em forma de um tubo cego (semelhante a um verme).
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