UNIFESP: 67% dos pais oferecem alimentos industrializados aos filhos antes do primeiro ano de vida
Pesquisa realizada pela disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP com 270 pais de crianças frequentadoras de berçários de creches públicas e filantrópicas da capital paulista apontou que a introdução de alimentos industrializados1 – como macarrão instantâneo, açúcar2 refinado, suco de frutas artificial, salgadinhos e embutidos – começa antes dos três meses de idade e são ofertados às crianças por 67% dos pais antes que seus filhos completem um ano de idade.
A nutricionista3 e autora da pesquisa, Maysa Helena de Aguiar Toloni, diz que a ingestão precoce, continuada e excessiva de alimentos altamente calóricos e de baixo valor nutricional está associada ao abandono do aleitamento materno4 e ao baixo consumo de frutas, legumes, cereais e hortaliças. Este tipo de alimentação pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento infantil, além de desencadear processos alérgicos, carências de vitaminas e minerais, obesidade5 infantil e o surgimento das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis - diabetes6, hipertensão arterial7, obesidade5, dislipidemia, acidente vascular cerebral8, câncer9, artrose10, enfisema11 pulmonar dentre outras.
A pesquisa mostra que, até os três meses de vida, 31% dos pais afirmaram ter oferecido açúcar2 ao filho; 49%, chás e, 18%, mel. Até os doze meses, o açúcar2 atinge o índice de 87%, o chá, 88%, e, o mel, 73%.
Doze por cento das crianças entre o primeiro e o sexto mês de vida já experimentaram refrigerantes e, até os noves meses, esse índice sobe para quase 20%, chegando a 56,5% até o primeiro ano de vida. Os refrigerantes são ricos em açúcar2, contêm corantes e aditivos químicos, são pobres em nutrientes e hipercalóricos.
A nutricionista3 ressalta a importância de se manter a amamentação exclusiva12 até os seis meses de vida, sendo desnecessária a oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou líquido.
O mel não deve ser oferecido a crianças abaixo de um ano de idade, pelo risco de botulismo13, devido à imaturidade da flora intestinal.
A pesquisa foi realizada em 2007 por meio de questionário estruturado e previamente testado para a coleta de dados. Para cada alimento investigado foi registrada a idade de introdução e avaliada a concordância com o oitavo passo do Guia Alimentar do Ministério da Saúde14.
Fonte: UNIFESP